Em entrevista à agência Lusa, Patrick Dickie, já anunciado pela tutela como próximo diretor artístico do TNSC, afirmou que, antes de assumir as atuais funções, tinha tido um breve conhecimento do teatro, através do britânico Graham Vick, quando o antigo responsável de Glyndebourne encenou o “famoso” ciclo de "O Anel de Nibelungo", de Richard Wagner.

Do Teatro Nacional de S. Carlos, Patrick Dickie tinha a memória “da reputação [alcançada] nos anos 1940 e 1950 como uma importante ópera”.

Dickie considera que o TNSC tem “um público tradicional, em alguns aspetos, que ama repertório operático italiano, mas que já apresentou no passado um repertório raro e menos usual, o que revela também uma audiência que tem curiosidade e uma mente aberta”.

“Tal não me surpreendeu, mas torna o TNSC um lugar muito especial, para combinar o repertório italiano, com outro tipo de repertório”, afirmou à Lusa.

O ambiente do S. Carlos soou-lhe “familiar”, até pelo facto de a sua formação ter sido na English Opera House, "onde se fazem várias estreias" e, também aqui, em S. Carlos, "encontrou uma equipa fabulosa”.

A opção de Patrick Dickie para a temporada 2016/2017 foi apresentar um “vasto repertório de contrastes", até porque entende "que o São Carlos, enquanto teatro nacional, não deve ter um único tipo de público, e precisa de apresentar muitas e variadas produções, numa mesma temporada”.

“Esta temporada é cheia de contrates, e temos, por um lado, grandes óperas populares, como ‘Carmen’", de Bizet, e "o belo canto italiano", com "uma das 'óperas rainha' de Donizetti, ‘Anna Bolena’, e óperas portentosas como a de Igor Stravisnky, ‘Oedipus Rex’, com uma encenação de Ricardo Pais", com a qual Patrick Dickie diz estar "muito entusiasmado".

"Temos ainda Wagner, de quem vamos apresentar ‘Tristão e Isolda'”, que a Orquestra Sinfónica Portuguesa "gosta de tocar", em resposta a uma certa "avidez por parte do público", e ainda "Benjamin Britten, com ‘Peter Grimes’, dirigida por Joana Carneiro", uma estreia "surpreendente" do TNSC, "que passa a fazer parte do repertório mundial”, disse à Lusa.

“A ideia por detrás desta temporada é que tanto a orquestra como o coro gostam do desafio de participar em produções teatrais desafiantes, e é uma combinação de novas produções, que temos capacidade de fazer, o que dá uma grande força a S. Carlos, e demonstra a nossa capacidade de trabalho, combinando com três muito celebradas produções ['Anna Bolena', 'Peter Grimes' e 'Carmen'], dirigidas por três mestres da encenação, [respetivamente] Graham Vicky, David Alden e Calixto Bieito”.

Justificando as quatro novas produções própria que o teatro lírico apresenta - "Oedipus Rex", "Tristão e Isolda", "I Paglacci"/"Os palhaços" e "Der Zwerg"/"O anão" -, Patrick Dickie afirmou: "No S. Carlos temos tempo, espaço e uma equipa empenhada e, por outro lado, nem todas as produções operáticas têm de ser dispendiosas, têm, sim, de ser bem interpretadas".

A temporada do TNSC - lírica e sinfónica - é hoje divulgada, sendo a primeira integralmente pensada por Patrick Dickie.

Patrick Dickie colabora com o teatro lírico lisboeta, desde julho do ano passado, como “consultor artístico”.

Em setembro próximo, conta assinar contrato como diretor artístico e manter-se no teatro lisboeta "por três anos", projetando desenhar as próximas temporadas até 2018/19, disse à Lusa.