Um retrato de Marilyn Monroe feito por Andy Warhol em 1964 foi vendido esta segunda-feira por 195 milhões de dólares num leilão da Christie's [184,7 milhões de euros], batendo o recorde para uma obra do século XX, que era ostentado por "As Mulheres de Argel", do pintor espanhol Pablo Picasso.

O quadro icónico, intitulado "Shot Sage Blue Marilyn", torna-se a segunda obra mais cara da História vendida em leilão, atrás de "Salvator Mundi", atribuída a Leonardo da Vinci, pela qual o seu atual proprietário, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, segundo a imprensa, pagou 450,3 milhões de dólares em novembro de 2017 [426 milhões de euros].

Uma pessoa presente na sala esgotada da sede da Christie's, no Rockefeller Plaza, em Nova Iorque, levou a obra de Warhol, que pertencia à Fundação dos irmãos Thomas e Doris Ammann, de Zurique, Suíça, que a vendeu num lote com outras 35 obras de artistas como Robert Ryman, Francesco Clemente, Sturtevant e Cy Twombly, além de outras obras de Warhol, para destinar o valor arrecadado a projetos de saúde e educação destinados a melhorar a vida dos menores no mundo. O leilão alcançou um valor total de 317,8 milhões de dólares [300,8 milhões de euros], prosseguindo no dia 13.

Embora tenha ficado abaixo dos 200 milhões de dólares que a Christie's esperava arrecadar, o retrato de Marilyn tirou do pódio contemporâneo a obra de Picasso, que alcançou 179,4 milhões em maio de 2015 [169,7 milhões de euros], seguida de "Nu Couché", de Amedeo Modigliani, vendida por 170,4 milhões também em 2015. O retrato quase dobrou o recorde de uma obra de Warhol, "Silver Car Crash", pela qual foram pagos 104,5 milhões em 2013.

O novo proprietário leva uma das "obras mais importantes" leiloadas numa geração, e é "o ápice absoluto da arte pop americana", destacou o presidente da secção de arte dos séculos XX e XXI, Alex Rotter, quando a Christie's anunciou a venda, em março.

A icónica obra de 1x1 m de Warhol faz parte de uma série de retratos que o maior expoente da arte pop fez de Marilyn Monroe após a sua morte por overdose de barbitúricos, em agosto de 1962.

Esta série de retratos foi renomeada "Shot" após um visitante do "The Factory", estúdio de Warhol em Manhattan, abrir fogo contra eles, fazendo buracos nas telas. As obras foram posteriormente restauradas.

"Comprar a imortalidade"

"Há algo de especial nestas pinturas de Marilyn. É mágico, tem carisma", disse Richard Polsky, especialista em Warhol.

Mas principalmente, completou, “estamos num mundo onde a arte se tornou um grande investimento”. O novo dono não apenas "terá uma grande obra, mas também um troféu. É como comprar a imortalidade".

Nos próximos dias, a Christie's irá leiloar outras obras importantes, como "Retrato do Artista como um Jovem Indigente" de Jean-Michel Basquiat, pintado em 1982 e que deve arrecadar mais de 30 milhões; "Untitled" (Shades of Red), de Mark Rothko, avaliada em 80 milhões; e três obras de Claude Monet, que devem chegar a 30 milhões cada.

Apesar de a pandemia ter derrubado Nova Iorque em 2020, o seu mercado de arte recuperou a boa forma, graças às grandes fortunas da cidade, mas, principalmente, a compradores de outras partes do mundo, especialmente asiáticos, e cada vez mais jovens .