Namewee, o rapper da Malásia que escreveu uma canção pop em mandarim na qual goza com os nacionalistas chineses, afirmou esta segunda-feira que não se arrepende de estar na lista negra de Pequim, já que a sua canção alcançou mais de 30 milhões de visualizações no YouTube.

"Fragile" foi lançada no mês passado com a colaboração da cantora australiana Kimberley Chen. O tema é um sucesso na Ásia e foi censurado na China continental.

O single é apresentado como uma canção de amor, mas está cheio de alusões àqueles que elogiam a China e o governo autoritário de Pequim na internet.

"Eu nunca me repreendo ou me autocensuro", disse Namewee numa conferência de imprensa em Taipei, capital de Taiwan.

Nas últimas semanas, "Fragile" foi um dos vídeos mais vistos no YouTube em Taiwan, Hong Kong, Singapura e Malásia, e também causou sensação na Austrália, Canadá e Estados Unidos.

Poucos dias após o lançamento da música, as contas de Namewee e Chen nas redes sociais chinesas foram excluídas e a sua música foi censurada. A comunicação social estatal acusa o casal de insultar o país.

A China censura regularmente canções consideradas politicamente incorretas por sites de streaming nacionais.

Em agosto, o Ministério da Cultura chinês disse que vai estabelecer uma lista negra de músicas proibidas com "conteúdo ilegal", por colocarem em risco a segurança nacional.

Namewee preso em agosto de 2016

O rapper de 38 anos já foi objeto de controvérsia na Malásia, de maioria muçulmana.

Em 2016, ele foi detido durante vários dias por alegadamente insultar o Islão num vídeo parcialmente gravado numa mesquita.

Ele foi preso novamente dois anos depois pelo mesmo motivo: insultar o Islão num vídeo de dançarinos com máscaras de cães a fazer movimentos provocadores.

Já Kimberley Chen, 27 anos, cresceu na Austrália, mas mudou-se para Taiwan em 2009 para seguir a carreira de cantora.

Depois de ter as suas contas de redes sociais chinesas removidas, Namewee respondeu cantando uma letras alterada do refrão de "Fragile", celebrando que ele ainda tinha acesso ao Facebook e Instagram, que - como o YouTube - são proibidos na China.