Mark Lanegan está de visita ao nosso país, mais uma vez. Ano após ano, resta-nos louvar a sua existência. Para todos aqueles que conhecem a obra do norte-americano, podem deixar de ler por aqui. Mas para os mais curiosos, acompanhem-me nesta resenha, nesta viagem que eu vos proponho a fazermos, sempre com uma pergunta em mente: Quem é Mark Lanegan? Quem é esta enigmática personagem, este titã do rock que já perfez meio século de existência?
Bem, antes de mais nada, balizemos a questão. Desta meia centena, podemos traduzir sensivelmente metade deste tempo em experiência.
Mark William Lanegan começou o seu percurso musical numa bifurcação:
- Por um lado, frontman dos extintos Screaming Trees, banda na qual acarinhou um dos géneros mais efémeros e queridos que o rock viu nascer: o grunge.
Nesta altura, propiciado por uma catalisadora Seattle, Lanegan colaborou com o Kurt Cobain na era pré-Nevermind e com o Layne Stanley nos Mad Seadon, um projeto paralelo de ambos;
- Por outro lado, Lanegan lançou no ano de 1990 The Winding Sheet, o seu primeiro esforço a solo, editado pela carismática Sub Pop.
Neste álbum foi desde logo possível discernir uma veia que não estava tão exposta nas suas atuações enquanto frontman dos Screaming Trees: a sua íntima fragilidade lírica enquanto homem do rock, de presença dura, mas emotiva.
The Winding Sheet inaugura a contagem de discos a nível lançados a individual de Lanegan, sendo que Phantom Radio é o seu nono álbum editado a solo.
"…as scratchy as a three-day beard yet as supple and pliable as moccasin leather…"
Foram estas as palavras que Tom Waits encontrou para descrever a voz de Lanegan.
Apesar de algumas "invenções" no último Phantom Radio e mesmo nos piores momentos do disco, em que Lanegan experimenta introduzir pormenores de soul, r&b e pop nas suas músicas, a sua marca pessoal é indelével: a sua imaculada e grave voz.
E talvez aqui resida a característica mais notável de Lanegan.
Talvez seja este o segredo que lhe tenha valido numerosas colaborações com os titânicos Queens of the Stone Age, ano após ano, formação após formação, desde o brilhante Rated R.
Mas, na verdade, qual é o segredo de Mark Lanegan?
Cabe a nós próprios descobrir isso e a vocês ai desse lado a o irem ver, nesta sua digressão europeia, que termina nem de propósito nesta terra lusa.
Não é todos os dias que temos a oportunidade de presenciar e de conviver de perto com um dos Grandes desta vida.
Aproveitem a oportunidade. Não se vão arrepender.
Mark Lanegan atua a 13 de março no Hard Club, no Porto, e no dia seguinte no Armazém F, em Lisboa, a partir das 20 horas.
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