O concerto começou com um pequeno atraso de dez minutos, que nada incomodou os presentes que preenchiam a sala por completo. A casa estava cheia.

Logo de seguida surgia Frank, o robô que está associado à banda desde o sucesso de “News of the World”, o álbum lançado em 1977 e que ficou imortalizado com sucessos como “We Will Rock You” ou “We Are The Champions”. A aposta na tecnologia foi forte por parte da banda britânica que surgiu após um abalo provocado pelo robô, que parecia segurar o palco com as mãos. O concerto começou ao som de “Tear It Up”, a que se seguiu uma junção de “Seven Seas of Rhye” e “Tie Your Mother Down”, com o primeiro destaque da noite para Brian May num primeiro de muitos solos de guitarra.

Veja as fotos do concerto:

Contudo, foi com “Play The Game” e “Fat Bottomed Girls” que o público atingiu, pela primeira vez, o verdadeiro estado de euforia, acompanhando a banda com fortes coros e palmas incessantes, onde até os mais velhos não resistiam a um pé de dança junto aos seus lugares.

Subindo em palco sob a cabeça do nosso já conhecido Frank, Adam Lambert abria caminho para “Killer Queen” antes de se dirigir pela primeira vez ao público. “Lisboa! Estão a divertir-se? Antes de continuar eu tenho de agradecer a estas duas grandes lendas do rock que estão em palco esta noite. Uma salva de palmas para Brian May e Roger Taylor! De todas as vezes que eu estou em palco com estes senhores, eu só penso 'Is this just real life? Is this just fantasy?' (numa referência à letra de "Bohemian Rhapsody"), porque vamos ser honestos… Muitos de vocês estão agora a pensar, 'mas ele não é o Freddie'. Ora, não me digam! Freddie só há um! Eu sou um fã como todos vocês, por isso vamos celebrar os Queen e o Freddie todos juntos!”, foram as suas palavras antes de nos brindar com “Don’t Stop Me Now”, levando o público ao delírio com mais um dos grandes sucessos da banda.

“Bicycle Race” e “I’m In Love With My Car” foram as músicas que se seguiram, sendo que na última foi a vez do baterista emprestar a sua voz num momento musical onde Adam Lambert se ausentava para mais uma alteração no guarda-roupa.

Já de volta ao palco, Lambert brindava-nos com “Another One Bites The Dust” e “Lucy”. O público também se destacou em “I Want It All”, com um coro sincronizado de pulmões cheios, dando também espaço para mais um solo e até canto do guitarrista da banda que rapidamente aproveitava a sua oportunidade de comunicar com a plateia.

“Vocês são fantásticos! Boa noite, tudo bem?” começava Brian May em bom português. “Vocês são a plateia mais fantástica de sempre. Nunca ninguém nos aplaudiu tão alto. Estão com disposição para cantar? Vamos lá aquecer um bocadinho”, desafiava o guitarrista dando espaço para o momento mais emocionante da noite ao som de “Love of My Life”. Brian fez, como habitualmente, as vezes de Freddie, cantando em sintonia com o público que se juntava num coro perfeito repleto de luzes brancas e, por fim, surgindo também o próprio Freddie nos ecrãs do recinto para uma despedida emotiva onde podíamos ver as lágrimas de Brian May escorrer pelo seu rosto enquanto acenava à imagem do seu falecido amigo e companheiro de grupo.

Após uma demorada selfie em palco, o espetáculo prosseguiu ao som de mais um grande sucesso com “Somebody To Love”, passando para “Crazy Little Thing Called Love” e seguindo-se uma batalha entre bateristas onde Roger Taylor voltava a mostrar que a idade não o para.

“Under Pressure” foi outro dos sucessos trazidos pela banda para este concerto em Lisboa, tema em que Adam Lambert cantou juntamente com Roger Taylor, antes de passar à icónica “I Want to Break Free” com um espetáculo de luzes que se espelhava em todo o recinto.

Foi também em músicas como “Who Wants To Live Forever” que Adam Lambert nos recordava o porquê de ter sido o escolhido para representar Freddie Mercury na presença dos Queen, deslumbrando os presentes com a sua amplitude e alcance vocal completamente irrepreensíveis.

Brian May voltava a ter o seu momento com “Last Horizon” e mais um sem número de solos de guitarra enquanto permanecia elevado em palco, dando depois espaço para a afamada “The Show Must Go On”, com Adam Lambert a voltar a destacar-se pela sua capacidade vocal.

“Radio Ga Ga” e “Bohemian Rhapsody” foram dois dos grandes sucessos da banda escolhidos para serem apresentados de seguida, levando o público à loucura antes da chegada do encore.

Já após uma curta pausa, a imagem de Freddie Mercury voltava a surgir nos ecrãs da Altice Arena, numa imagem onde o cantor puxava pelo público que não desiludia.

Por fim, e para encerrar a noite em grande, todos voltaram a palco, com Adam Lambert a personificar a realeza de coroa na cabeça, presenteando-nos com “We Will Rock You”, e rematando com “We Are The Champions”, onde o público atingiu o pico do entusiasmo. O concerto terminou numa salva de palmas ecoante provando uma vez mais que a banda britânica não desiludiu, demonstrando que a idade não é impedimento quando o talento não tem medida. E a coragem e profissionalismo de um fã em representação de Freddie Mercury apenas poderiam ser merecedoras de uma ruidosa ovação.