A produtora portuguesa Matilde Ramos Pinto, de 38 anos, o seu marido, o diretor criativo brasileiro Diego Cardoso Oliveira, de 40, e Joaquim Ramos Pinto de Oliveira, o filho com um ano, foram as vítimas mortais de um trágico acidente em São Francisco.

A sua identidade foi confirmada na terça-feira pelo canal CBS. O único sobrevivente é um bebé com cerca de três meses, internado em estado grave e com prognóstico reservado.

Segundo as informações prestadas por amigos às autoridades, a família estava na paragem de autocarro num cruzamento na zona de West Portal no sábado para ir ao jardim zoológico festejar o aniversário dos quatro anos de casamento quando foram atingidos por um Mercedes SUV branco por volta das 12h13.

Diego e o filho morreram no local, a produtora ainda foi transportada para o hospital, mas faleceu no domingo. Outras pessoas sofreram ferimentos com menos gravidade.

Matilde Ramos Pinto e Diego Cardoso de Oliveira créditos: Reprodução Instagram

O Departamento de Polícia de São Francisco identificou Mary Fong Lau, de 78 anos, como a pessoa que as testemunhas dizem ter conduzido em contramão a uma velocidade entre is 80 e 110 quilómetros por hora na Ulloa Street, galgando o passeio e atingido a paragem de autocarro antes de embater na esquina de uma biblioteca. Não havia marcas de travagem ou derrapagem na estrada.

"O jovem brasileiro Dieguinho teve uma carreira incrível fora do Brasil, tendo trabalhado em agências como AMV BBDO, Mother e BBH, todas em Londres. No Brasil, integrou a equipa de agências como AlmapBBDO, Africa e AgênciaClick", destacou a nota de pesar publicada pelo Clube da Criação.

Matilde Ramos Pinto saiu de Portugal aos 18 anos, foi atriz nas curtas-metragens “Mama’s Purse” (2009) e “Found” (2011), e era atualmente produtora executiva na RSA Films, uma empresa na área de publicidade fundada pelos cineastas Ridley e Tony Scott, primeiro na Grã-Bretanha e desde 2022 nos EUA. Também trabalhou como representante de realizadores na Black Dog Films, outra empresa dentro do Ridley Scott Creative Group.

"Quando fui para Londres tinha 18 anos. Estava a estudar teatro, queria ser atriz, mas não sabia onde estudar, não conhecia nenhuma atriz em quem me apoiar e não tenho a nacionalidade inglesa. Não fazia sentido competir com atrizes inglesas para papéis ingleses. Um dia escrevi uma carta ao Jeremy Zimmerman [o director de casting do filme "Comboio Noturno para Lisboa"]  a pedir para ele me contratar para um filme, (como se funcionasse assim) , e ele convidou-me para trabalhar no escritório dele", explicou numa entrevista ao SAPO Mag em março de 2016, quando estreou nas salas de cinema “Jardins Selvagens”, a primeira longa metragem que produziu e a ocupou três anos.

"Aos 21 anos comecei a fazer sessões de casting como assistente e foi por essa altura que comecei  a perceber como funciona a indústria. Todas as semanas entravam produtores, eu ouvia o que eles diziam e ia aprendendo. Nunca imaginei que fosse trabalhar como produtora, acho que encontrei o meu papel no mundo do cinema", contava.

Sobre o seu trabalho, dizia: "Tenho muita sorte pois todos os dias das rodagens são estimulantes, é impossível não o ser quando estão  80 ou 100 pessoas a trabalhar num só projeto, independentemente das complicações que isso implica. Imagino que os músicos numa orquestra sintam o mesmo. Eu gosto de trabalhar assim".

A produtora também explicava o seu fascínio: "O cinema tem a possibilidade de nos transportar, educar, de fazer sentir empatia por pessoas que não são do nosso círculo habitual. O cinema consegue transformar as pessoas de uma forma subtil e humana apenas por contar histórias, faz-nos rir e chorar".