Ao galardão podem candidatar-se compositores portugueses ou estrangeiros residentes em Portugal, até aos 35 anos.

A peça vencedora será conhecida na segunda quinzena de julho e estreada a 18 de setembro, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, no encerramento dos segundos Encontros Sonoros Atlânticos Francisco de Lacerda que vão decorrer de 19 de julho e 18 de setembro, entre as ilhas de S. Jorge, Terceira e S. Miguel, no arquipélago dos Açores, e Lisboa.

O compositor vencedor receberá um prémio pecuniário de 7.500 euros e verá a peça gravada.

O júri é constituído pelos compositores Felipe Lara, Andreia Pinto Correia e Carlos Caires, e pelo diretor artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa, Pedro Neves.

O prémio é “o maior [em Portugal], em valor pecuniário, para jovens compositores” e “visa fomentar a jovem criação musical de obras para orquestra em Portugal”, lê-se no comunicado da Associação Cultural Francisco de Lacerda - A Música e o Mundo.

Os Encontros Sonoros Atlânticos Francisco de Lacerda propõem-se divulgar a obra deste compositor açoriano através de uma série de recitais, propondo que a sua obra seja um “estímulo para a criação de novas peças musicais, intimamente relacionadas com os locais em que se apresentam”.

A associação, criada em 2019, assume Francisco de Lacerda (1869-1934) como figura tutelar e tem por objetivo “a preservação do património cultural dos Açores, a sua história, a educação pela arte através da música e o meio ambiente, a investigação nos legados culturais de personalidades ligadas à música, às artes performativas, às artes plásticas e literatura, além de conceber e realizar eventos culturais e espetáculos, estimulando a criação artística entre gerações de forma a criar conteúdos editoriais discográficos, literários e formatos audiovisuais”.

Francisco de Lacerda nasceu em Ribeira Seca, na ilha de S. Jorge, em maio de 1869, numa família de músicos amadores, tendo tido como primeiro professor de piano o pai.

Em 1895, obteve a primeira bolsa de música e foi estudar para Paris.

Lacerda fundou, na década de 1920, a Filarmónica de Lisboa, que não alcançou o sucesso pretendido, o que o fez regressar a Paris. Em França, como maestro, dirigiu várias temporadas de concertos.

Além dos seus estudos sobre folclore e poesia, alguma ainda inédita, o espólio de Francisco de Lacerda inclui os quadros sinfónicos “Almourol e Álcacer”, música de cena para a peça “A Intrusa”, de Maurice Maeterlinck, música de bailado, peças para órgão, piano, guitarra, trios e quartetos de cordas, destacando-se as suas Trovas para Voz e Piano, num total de 36 peças, algumas das quais orquestradas.

Maestro, musicólogo e compositor, Francisco de Lacerda publicou o Cancioneiro Musical Português, com melodias acompanhadas ao piano.

Na área editorial colaborou com as revistas Contemporânea (1915-1926), A Arte Musical (1898-1915) e Homens Livres (1923).

Francisco de Lacerda morreu em Lisboa, em julho de 1934, vítima de tuberculose, aos 65 anos.