A nomeação é um reflexo do otimismo no Reino Unido de que o pior da pandemia covid-19 já terá passado, e também da ambição do Sage Gateshead, na região do nordeste de Inglaterra, para onde o Governo britânico está a direcionar bastante investimento para a economia local.

"Neste momento, quando as comunidades no Nordeste vão precisar da música e das artes mais do que nunca, Sage Gateshead quer responder de forma significativa, trazendo o papel vital da música na melhoria da saúde e bem-estar, educação e formação, e na criação de experiências comuns positivas para beneficiar toda a região”, justifica em comunicado.

Dinis Sousa, de 32 anos, foi recrutado para dinamizar a atividade musical nesta comunidade, trabalhando ao lado de músicos da RNS para chegar a novos públicos nas escolas, pela Internet, em toda a região e nas salas de concerto do Sage Gateshead.

O português manifestou-se “honrado” e “entusiasmado” com o desafio de liderar uma orquestra que ouviu pela primeira vez ainda no Porto, de onde é originário, e a qual dirigiu em janeiro e novembro de 2020.

“A orquestra é muito apreciada pelas audiências locais e é ótimo poder fazer parte desta família alargada e desta comunidade. Eu acredito que a música é para todos. Não é seletiva, não é complicada. De certa maneira, tem uma forma de comunicar de forma mais direta com as pessoas do que palavras”, declarou, num vídeo de anúncio institucional sobre a nova posição.

O diretor da Royal Northern Sinfonia, Thorben Dittes, disse que “a ligação especial de Dinis com a orquestra no palco foi inconfundível desde a primeira vez que a RNS se apresentou com ele”.

"É claramente um talento excecional e estamos muito entusiasmados com o enorme potencial artístico que Dinis, como nosso novo Maestro Principal, vai trazer para o Nordeste”, acrescentou.

Dinis Sousa tinha sido nomeado em 2018 maestro assistente do Coro Monteverdi e Orquestras, onde colaborava de perto com o regente britânico John Eliot Gardiner.

No âmbito do trabalho com a orquestra de época Solistas Barrocos Ingleses e a Orchestre Révolutionnaire et Romantique, e com Gardiner, o seu fundador, Dinis Sousa dirigiu, entre outras, a Orquestra Sinfónica de Londres e a Filarmónica de Berlim, e apresentou-se nos BBC Proms, à frente do Coro Monteverdi, para oferecer a sinfonia coral “Rómeo et Juliette” de Berlioz.

Antes, estudou Direção de Orquestra na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, e fundou a Orquestra XXI, conjunto que reúne músicos portugueses que vivem no estrangeiro, projeto pelo qual foi reconhecido com o título de Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique em Portugal.