O júri lembrou que a luta de Michnik pelos direitos humanos e pelo diálogo levou-o à prisão sob o regime comunista polaco, mas que ele “nunca desistiu da sua firme oposição à ditadura e à sua busca de reconciliação entre os seus concidadãos”.

Michnik, cuja visão da Europa “ajudou a estabelecer valores democráticos no seu país”, é hoje “um símbolo da liberdade de expressão e humanismo, bem como um exemplo ético de resistência a ameaças autoritárias”.

Nascido em Varsóvia em 1946, Adam Michnik estudou história na universidade da capital polaca, onde teve problemas com as autoridades por participar em protestos contra o regime, até ser expulso em 1968.

Em 1975, formou-se na Universidade Adam Mickiewicz, em Poznań, com um diploma de ensino à distância em História. Preso várias vezes desde os anos 1960, foi um dos fundadores do movimento KOR (Comité de Defesa dos Trabalhadores) e membro do sindicato Solidariedade desde a sua criação, em 1980.

Michnik é “um dos mais conhecidos e proeminentes” defensores dos direitos humanos na Polónia e é considerado “uma das figuras-chave do regresso da Polónia à democracia, bem como um jornalista extraordinário”.

Este foi o segundo dos oito Prémios Princesa das Astúrias que vão ser atribuídos este ano, depois de na semana passada ter sido atribuído o galardão para as Artes à cantora Carmen Linares e à bailarina e coreógrafa María Pagés, consideradas “as figuras mais importantes do flamenco das últimas décadas”.

Cada prémio consiste numa escultura do pintor e escultor espanhol Joan Miró – símbolo que representa o galardão -, um diploma, uma insígnia e 50.000 euros.

O prémio para a Comunicação e Humanidades já foi atribuído em anos anteriores a entidades e personalidades tão diversas como Gloria Steinem (2021), a Feira Internacional do Livro de Guadalajara e o Festival Hay de Literatura e Artes (2020), o Museu do Prado (2019), Les Luthiers (2017), Google (2008), Revistas Science e Nature (2007), National Geographic Society (2006), Umberto Eco (2000), Václav Havel e CNN (1997) e o jornal El País (1983), entre outros.

O galardão para a Comunicação e Humanidades distingue “o trabalho de criação e aperfeiçoamento das ciências e disciplinas consideradas como atividades humanistas e aquelas relacionadas com os meios de comunicação em todas as suas expressões.”.

Em termos mais gerais, os Prémios Princesa das Astúrias distinguem o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário” realizado por pessoas ou instituições a nível internacional.