O fadista Pedro Moutinho pretende que o seu novo álbum, “O Fado Em Nós”, a editar no próximo dia 26, "faça sentir o fado que existe em todos nós", refletindo tradição e contemporaneidade.
“Este meu disco é um convite que eu faço e uma vontade que eu tenho, que, ao ouvirem este trabalho, sintam o fado que existe em todos nós. Não só os que gostam de fado, como os que o estão a descobrir”, disse Pedro Moutinho à Lusa.
Pedro Moutinho declarou que acredita que existe um fado em cada um de nós, “mesmo que sejam estrangeiros”, e afirmou que o álbum “reflete uma tradição mas com palavras e músicas de hoje”.
O fadista escolheu os diferentes temas “a pensar no fado que há em todos nós, tanto nos que cantam, como nas pessoas que o escutam”.
Por outro lado, o disco evoca referências fadistas de Pedro Moutinho, tanto de autores como de intérpretes, e “daí a recriação de alguns temas, de Tony dos Matos ou de Carlos Ramos, e a escolha de algumas melodias fadistas tradicionais”, como os fados Amora e Tango, de Joaquim de Campos, da Adiça, de Armandinho, Macau, de Jaime Santos, ou o da Saudade, de Fernando Carneiro de Carvalho.
“Eu, como fadista, preciso disso, tanto do meu passado como do meu presente, e daí as letras da Manuela de Freitas, da Amélia Muge, e foi isso o mais importante para mim neste disco”, disse Moutinho, detentor de um Prémio Amália Rodrigues para o Melhor Álbum, em 2008.
“O Fado Em Nós” conta 13 temas, entre inéditos e recriações do repertório fadista, foi gravado por Amândio Bastos, no Auditório do Museu do Fado, em Lisboa, de 01 a 05 de novembro do ano passado, tendo o fadista sido acompanhado pelos músicos José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Daniel Pinto, na viola baixo, e Carlos Manuel Proença, na viola, que, tal como nos dois álbuns anteriores, assumiu a produção e direção musical.
O facto de ter gravado no auditório, “tal como se fazia antigamente”, permite “uma outra emoção, concentração e, acima de tudo, uma espontaneidade, que não permitia um disco de estúdio”, disse o fadista.
Segundo o fadista esta foi a primeira vez que um álbum inteiro foi gravado no auditório do Museu, um espaço em se sente casa, e que também influenciou, “por toda aquela herança e tradição” que o museu encerra em si, “não só pelo facto de estarem lá aquelas imagens e objetos, [mas porque] está ali toda a obra do fado”, realçou à Lusa.
Pela primeira vez, Pedro Moutinho canta um poema de Maria Rosário Pedreira, “Ao Deus dará”, que interpreta na melodia do Fado da Saudade.
Outros autores contemporâneos são Manuela de Freitas, de quem canta “Só um beijo”, “Apenas uma história” e “Sem querer”, e Amélia Muge, que assina a letra e música de “Leva-me contigo” e a letra de “Fado em nós”, que canta na melodia do fado Zé Grande, de Francisco José Marques, tendo ainda ajudado na seleção das quadras de Fernando Pessoa, poeta que gravou no seu segundo disco, e compôs “Se eu pudesse dizer”, que interpreta na melodia do fado Adiça.
“Escolho sempre as pessoas de quem gosto e que me conhecem. Neste disco pedi uma letra à Maria Rosário Pedreira, de quem gosto muito, depois a Amélia Muge ajudou-me nas quadras que gravei do Pessoa e, a seguir, escolhi, porque há muito tempo não fazia recriações, escolhi poemas que desde sempre me habituei a ouvir e a gostar”.
Vasco de Lima Couto, Alexandre O’Neil, Lourenço Rodrigues, Aníbal Nazaré, Júlio de Sousa e João Fezas Vital, são outros letristas que escolheu. No caso do poema de Fezas Vidal, “Se me dão a solidão”, o fadista optou por o interpretar no fado Cigano, de Armando Machado.
Este é o quinto disco de originais de Pedro Moutinho, que à Lusa afiançou que já encontrou o seu caminho.
“Acima de tudo faço aquilo que gosto, sem me preocupar com os resultados, o mais importante é cantar aquilo que gosto e crescer como homem e fadista, de forma natural, e que isso se reflita no meu trabalho”, rematou.
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