“Nunca imaginei o meu primeiro disco a solo assim. Toco maioritariamente guitarra acústica e guitarra clássica, e eu sempre toquei de uma forma muito elétrica, com muita distorção”, disse o músico, em declarações à Lusa.

O processo de criação e gravação do álbum foi “uma coisa muito solitária e isso moldou o som do disco”.

Com vários álbuns já editados, “sempre em parceria”, a dada altura Pedro Branco quis “começar a ter 100% controlo”, tanto na música que fazia como nos concertos.

Mas não conseguia “encontrar a forma nem o tempo de o fazer”. Atualmente, Pedro Branco faz parte dos You Can’t Win Charlie Brown e das bandas que acompanham Tiago Bettencourt, Marinho, Nadia Schilling, Pedro Lucas. Além disso, já tocou também nas bandas de Lena D’Água, Benjamim, Salvador Sobral, além de projetos na área do jazz.

“Isso sempre me tirou um bocadinho de tempo e de cabeça para mergulhar a 100% naquilo que queria dizer e fazer musicalmente”, referiu.

Isto até ao início de 2020, quando apareceu a pandemia da covid-19, que o deixou “um bocadinho em choque, porque não tinha concertos, não tinha nada”, porque a vida de Pedro Branco “era e é tocar”.

“Dou por mim fechado em casa - por circunstâncias da vida voltei para casa dos meus pais, com quem já não vivia há uns dez anos -, num sítio um bocadinho estranho e confuso, e a música serviu quase de refúgio”, recordou.

Nessa altura, começou a juntar música que já tinha escrito e gravado e “a fazer música nova”.

O quarto acabou por “servir de laboratório”, onde começou “a magicar as coisas e a perceber qual seria a direção do primeiro disco a solo, o que é que teria para dizer”.

Todo o processo acabou por ser “uma descoberta autêntica”. “Nem sabia gravar, tive que comprar material, microfones. Também misturei o disco. Fiz as músicas sozinho, gravei-as sozinho, misturei-as sozinho”, contou Pedro Branco, lembrando que a masterização ficou a cargo de Nuno Monteiro, “um bom amigo”.

O facto de ter sido gravado em casa acabou por fazer com que “quem ouve se sinta quase em casa de outra pessoa, para ouvir o que ela tem para dizer ou tocar”.

O título do álbum “surgiu de um livro” que o músico estava a ler. “Achei uma frase poética e que criava uma imagem do que era o meu dia-a-dia nessa altura”, referiu.

“A Narrativa Épica do Quotidiano” é composto por 12 temas, três dos quais com a voz de Pedro Branco: “Faixa Certa”, “Cinco Minutos Antes”, com Noiserv, e “Composição da Fuga”, com Salvador Menezes.

Os únicos convidados do álbum são também elementos dos You Can’t Win Charlie Brown, banda que ‘forçou’ o guitarrista a experimentar também usar a voz.

Pedro Branco juntou-se à banda para substituir o então guitarrista na digressão de dez anos, e acabou por ficar em permanência.

“Nunca tive coragem e segurança de começar a cantar. Eles são todos cantores e forçaram-me a cantar. É quase uma nova escola que me faz desenvolver essa parte e também a escrita de canções, porque o jazz em que me movo é muito na área da música improvisada. Também foi com eles que comecei a escrever letras”, recordou.

Pedro Branco reconhece que, se “A Narrativa Épica do Quotidiano” tivesse sido gravado antes de integrar a banda, “se calhar tinha sido um álbum instrumental”.

A guitarra entrou na vida de Pedro Branco com 12/13 anos. Nessa altura, começou a ter aulas numa escola de música em Mem Martins, no concelho de Sintra.

Na faculdade, licenciou-se em Jazz e Música Moderna e depois tirou um mestrado em Performance Jazz, no Conservatório de Amesterdão.

Formou um duo com o contrabaixista João Hasselberg, fundou o projeto Old Mountain com o baterista João Sousa e tocou com muitos outros músicos da área.

Já de regresso a Portugal, a entrada para banda de Tiago Bettencourt “marca uma viragem em termos estéticos” na carreira de Pedro Branco, e leva a que comece a ser chamado para outros projetos, “para os quais se calhar não seria chamado antes”.

Atualmente, tem “a sorte de viver exclusivamente da música”. Dá aulas numa faculdade, “mas é um dia por semana, durante um semestre”.

“Consigo viver confortavelmente com esse trabalho, e a minha cabeça está sempre com o ‘chip’ ligado na música”, partilhou.

Agora está focado em apresentar ao vivo o álbum a solo, mas em paralelo mantém uma série de outros projetos, incluindo um com o contrabaixista Carlos Barreto e o baterista João Sousa, no qual interpretam temas de Marco Paulo, com uma abordagem de jazz.

O concerto de apresentação de “A Narrativa Épica do Quotidiano” está marcado para dia 18 de junho, no Teatro Taborda, em Lisboa. Antes disso, Pedro Branco apresenta-se no festival A Porta, em 15 de junho, em Leiria, e depois no Festival Impulso, em 23 de junho, nas Caldas da Rainha.

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