É o caso de Ricardo Pinho, de 18 anos, que representa duas personagens na peça de teatro musical "Já cheira a Natal", um argumento concebido pelas Termas de São Jorge e que reúne uma série de conceitos pedagógicos sobre a qualidade do ar, o sistema respiratório e os benefícios das águas termais para o tratamento de problemas relacionados com as vias nasais.

As personagens que Ricardo interpreta são as que fazem mais sucesso junto das 100 a 150 crianças que apreciam cada encenação dessa história: "O Catota", que usa um fato com textura aos papos, de aspeto viscoso, e "O Caça-Ranhocas", que replica com um macacão e alguns tubos a indumentária cinematográfica celebrizada pelos "Caça-Fantasmas" dos anos 80.

"Temos quatro exibições em cada tarde, cada uma com 20 minutos, e procuramos mudar sempre alguma coisa na história para quem nos vier ver mais de uma vez não apanhar sempre o mesmo espetáculo, exatamente igual", explica à agência Lusa o estudante do curso de Teatro da escola Jobra.

"O que ganho fica praticamente para as deslocações [em transportes a partir de Ovar], mas isto acaba por funcionar como formação extra para mim: estou a ganhar experiência, tenho dois papéis muito diferentes para desempenhar e os meus colegas de trabalho são muito disponíveis e empenhados, o que também ajuda a criar contactos", realça.

Num fatinho justo que parece de lycra, mas esconde mais roupa por baixo, "O Narizinho" - que se queixa de não sentir o aroma a Natal - é interpretado por Ana Luísa Guerra, que só tem 14 anos, mas também não esconde o entusiasmo pela representação. "Claro que vou seguir Teatro", afiança.

Ana Luísa afirma que o mais difícil é "memorizar as alterações à história" entre uma encenação e outra, mas defende que a reação do público infantil compensa o esforço, porque os espetadores mais novos "seguem tudo com grande atenção e reagem muito bem a tudo o que veem no palco".

Lucília Correia não é espetadora atenta, mas por razões óbvias: como auxiliar de educação da Escola EB1 e Jardim-de-infância de Ribeirão, cujos alunos integram um grupo de 450 crianças de Famalicão em visita a Perlim, passa o espetáculo a distribuir lanchinhos por meninos dos 3 aos 5 anos.

"Mas sei que os miúdos estão a gostar porque estão a portar-se bem, quietos e atentos", argumenta. "Se não gostassem da peça, ninguém os parava aqui", assegura.

A posição estática perante o palco não é, no entanto, garantia absoluta de apreço pela peça, como se percebe pelo entusiasmo com que Inês Sá, de 8 anos, dança e canta ao som do tema final do espetáculo.

Foi ao parque natalício Perlim numa visita da Escola EB1 da Igreja, de São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira, e admite: "Como também vim no ano passado e a última música era igual, eu já sabia mais ou menos a dança e quis fazer como os atores".

Quanto a visitar o parque natalício com os pais ou com a sua turma, confessa: "É melhor vir com a escola. Com a minha mãe, ela queixa-se do frio, das filas, de já estar cansada - é como se não gostasse de estar aqui".

Posição contrária tem Cláudia Oliveira. É simultaneamente professora e mãe, preferindo visitar Perlim com os seus próprios filhos porque eles "dão muitíssimo menos trabalho" do que os alunos da EB1 de Vinhal, em Gondomar.

Numa escapadela de dois minutos ao grupo, ainda é na família que pensa: "No ano passado não consegui, mas desta vez vim à loja oficial comprar uma ‘sweat'". Depois estica a camisola nova para lhe mostrar a frente e ri: "Diz ‘mãe galinha' - era mesmo p’ra mim!".

Entretanto, perto do comboio que parou na estação de Perlim, para carregar passageiros acabados de fazer "slide" entre as árvores, um Diego pequenino e a falar castelhano aponta para a teia vermelha que acabaram de lhe desenhar em parte do rosto e diz: "Mira! Soy Spider Man!". Foi ao Perlim com um grupo jardim-de-infância de Moledo, no Alto Minho, que abriu a excursão aos familiares dos alunos e, na companhia do pai, foi pedir "lóli-tókis" ao Pai Natal enquanto a bisavó descansava junto a duas princesas de braço dado.

João Codeço sorri perante o entusiasmo do filho e, embora argumentando que Perlim "ainda está muito longe dos parques de Natal de Andorra e da Catalunha", percebe as razões para que a Quinta do Castelo - o espaço de Santa Maria da Feira associado ao parque temático -já tenha recebido mais de 90.000 visitantes este ano, só até esta sexta-feira.

"Isto está bonito e tem muito para fazer. Passa-se aqui bem um dia inteiro e é muito melhor do que estar nos ‘shoppings’" afirma.

O Perlim de Santa Maria da Feira pode visitar-se até ao último dia do ano.