Num comunicado hoje divulgado pelo Ministério da Cultura, no qual lamenta a morte de Juvenal Garcês, Graça Fonseca fala num “nome fundamental para compreender como o teatro é o lugar de todos os questionamentos”, cuja “história [se] confunde com a história do teatro independente em Portugal, uma das suas muitas causas”.

O ator e encenador Juvenal Garcês morreu hoje, aos 59 anos, na ilha da Madeira, disse à agência Lusa fonte da família.

Juvenal Garcês vivia atualmente na Ribeira Brava, onde nasceu a 31 de maio de 1961. O ator e encenador estreou-se no Grupo Experimental de Teatro do Funchal em 1977, numa encenação do "Auto da Barca do Inferno".

Para a ministra da Cultura, “o percurso de Juvenal Garcês foi sinónimo e testemunho da irreverência com que abordava a sua arte e os grandes autores que adaptou e encenou”.

“Encenador de um teatro subversivo, de raiz mordaz e intransigente com as facilidades, era admirado por aqueles que com ele partilharam palco e trabalho”, considera.

Graça Fonseca salienta que “a Cultura portuguesa e, muito em especial, o teatro perde hoje um nome e um exemplo que ajudou a compor a sua história mais recente”.

Segundo o Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa, na década de 1980, já em Lisboa, Juvenal Garcês trabalhou com a Casa da Comédia e em 1990 fundou, com Mário Viegas, a Companhia Teatral do Chiado, na qual trabalhou nos anos seguintes.

"Hedda Gabler", de Henrik Ibsen, "A menina Júlia", de August Strindberg, "As vampiras lésbicas de Sodoma", de Charles Busch, foram algumas das peças que encenou.

Ao longo da carreira, Juvenal Garcês também trabalhou com encenadores como Filipe La Féria, João Lourenço e Carlos Avilez.

A encenação de maior êxito de público terá sido "As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos", com mais de 600 apresentações e cerca de 30 mil espectadores.

De acordo com o Movimento Pelos Profissionais das Artes Performativas, Juvenal Garcês regressou à Ribeira Brava, na Madeira, depois da extinção da Companhia Teatral do Chiado.