A companhia de Coimbra, cujo trabalho se centra no cruzamento das artes performativas com a ciência, estreia a 12 e 13 de dezembro “O Virtuoso”, uma coprodução com Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) que recupera a peça de Thomas Shadwell, de 1676.
Segundo o encenador da peça e diretor da Marionet, Mário Montenegro, a peça já “estava na calha há algum tempo”, depois de a ter identificado no seu doutoramento sobre a presença da ciência no teatro, acreditando que será a primeira vez que é apresentada em Portugal.
A peça, uma comédia escrita no tempo da restauração da monarquia inglesa, desenrola um novelo onde a trama “amorosa e desamorosa” está muito presente, à imagem dos espetáculos escritos na altura, disse à agência Lusa Mário Montenegro.
É neste momento particular da história inglesa, em que os teatros reabrem e surge um “período de libertação” após um tempo “puritano muito casto”, que surge uma peça que dá também conta daquilo que seriam os primeiros passos da ciência moderna, salientou.
“Thomas Shadwell identificou uma personagem da sociedade que teria alguns motivos para ser abordada em teatro e ser ridicularizada”, notou, referindo-se à Royal Society, criada alguns anos antes, por indivíduos que “faziam experiências, palestras, demonstrações e publicavam as suas descobertas, com factos curiosos”.
Os tipos de experiências seriam “facilmente risíveis” – como transfusões sanguíneas entre pessoas e animais - e o autor pegou nos textos que iam sendo publicados e “dava mais um toque para tornar as experiências ainda mais ridículas”, aclarou.
Para Mário Montenegro, esta “é uma perspetiva satírica”, com os cientistas a serem muito mal tratados pela pena de Thomas Shadwell, numa altura em que a ciência “não tinha o prestígio que tem hoje em dia”.
Em palco, estarão 13 atores, a representar uma peça que foi adaptada e traduzida por Mário Montenegro.
Segundo o diretor da companhia, a Marionet já há muito que gostaria de ter adaptado esta peça, mas a mesma “implica alguns recursos”.
“Agora, surgiram condições mais estáveis que nos permitiram levar a peça a cena”, explicou.
O bilhete custa entre cinco e 7,5 euros.
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