A obra "O Retrato de Ulisses", de João Cristóvão Leitão, venceu hoje o primeiro Festival Loops.Lisboa, organizado pelo Festival Temps D’Images, em colaboração com o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC), em Lisboa.
Nesta edição inaugural, o Festival recebeu mais de uma centena de obras nesta forma de linguagem audiovisual, tendo sido apurados finalistas, além de João Cristóvão Leitão, as obras "Travel Shot", de Francisca Manuel e Elizabete Francisca, e "Cascade", de João Pedro Fonseca, indicou a organização à agência Lusa.
De acordo com a mesma fonte, o prémio foi entregue numa cerimónia no Museu do Chiado, por unanimidade, a "O Retrato de Ulisses", por um júri constituído por Alisson Avila, Conrado Uribe Pereira e Emília Tavares.
O júri considerou que a obra "O Retrato de Ulisses" a que "mais aprofundadamente articula os vários aspetos da exploração do 'loop', tanto em termos narrativos como visuais".
"A obra explora de forma informada os múltiplos aspetos de elaboração dum discurso que se vai englobando a si mesmo, fazendo uso de recursos de montagem, sonoros e narrativos de modo muito eficaz e com grande capacidade técnica", sustenta o júri sobre o premiado.
O júri considerou ainda de "grande qualidade" os dois outros trabalhos finalistas: a obra de Francisca Manuel e Elizabete Francisca, "Travel Shot" (2015), faz do 'travelling' um exercício de 'loop' associado a uma linguagem performativa que se desenvolve numa circularidade narrativa que é também técnica.
Quanto ao trabalho de João Pedro Fonseca, "Cascade" (2015), destacou-se pela sua "enorme plasticidade e rigor visual, através de uma utilização da alternância de representação, recorrendo a processos técnicos de manipulação da imagem que evocam uma reinterpretação do 'fade'".
Segundo o festival, as obras apresentadas a concurso representavam "uma riquíssima diversidade visual, conceptual, performativa, narrativa e cinemática".
O objetivo do certame foi "desafiar os artistas portugueses, e estrangeiros residentes em Portugal, a uma exploração do 'loop' como célula-tronco da imagem".
O 'loop' "é o berço da história da imagem em movimento", recorda o festival. "A sua lógica da repetição, que originalmente fez da inércia movimento, atravessou o século XX e XXI com as mais diversas formas de expressão autoral".
Dos dispositivos óticos do pré-cinema - Phenakistoscope, Zootrope, Kinetoscope -, passando logo a seguir pela obra do artista Marcel Duchamp, pela 'pop art' e por criadores como Dan Graham, Martin Arnold e Harun Farocki, "o 'loop' demonstra uma invejável vitalidade enquanto elemento essencial do movimento audiovisual".
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