A programação do festival organizado pelo 23 Milhas, projeto cultural do município de Ílhavo, foi apresentada no sábado à noite, antes da ante estreia de “Surface”, por Famílias Faces, uma das residências artísticas da edição deste ano do LEME.

O festival irá decorrer em vários auditórios, uns improvisados e outros tradicionais, para que não haja uma concentração de pessoas e cumprir todas as normas de segurança impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) aos eventos culturais.

“As partes mais de convívio e de festa e os encontros que tínhamos não vão acontecer, mas o mais importante, que no fundo são os espetáculos, o apoio à criação e as residências artísticas, vão acontecer”, disse à Lusa, Luís Ferreira, diretor artístico do 23 Milhas.

Mantém-se a aposta na criação, através do apoio ao criador nacional Rui Paixão, que devido à pandemia de COVID-19 teve de regressar no início deste ano da China, onde estava a trabalhar com o Cirque du Soleil.

“Ele está a fazer uma reflexão sobre os tempos que estamos a viver. É um trabalho sobre esta dimensão do controlo das massas, da segurança, dos cercos, tudo aquilo que está a acontecer nestes movimentos que ele experienciou tanto na China como agora no nosso país”, disse Luís Ferreira.

O LEME conta com 40 artistas de 11 nacionalidades (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Guatemala, Holanda, Noruega e Portugal) num total de 10 espetáculos, dos quais cinco são estreias nacionais e duas são estreias absolutas.

Destaque para a estreia nacional de Monstro, um espetáculo do Collectif Sous le Manteau, onde sete acrobatas lideram um trabalho de identidade em torno de uma disciplina única, o mastro chinês, ultrapassando os seus limites.

Depois da Coreia do Sul em 2019, a região Baltico-Nórdica vai estar em foco na edição deste ano, com a apresentação de três espetáculos. “É uma região que concentra alguns esforços para a criação artística e é também uma região emergente na área do circo contemporâneo como nós”, disse Luís Ferreira.

O festival conta ainda com três espetáculos itinerantes, resultado da candidatura à secção Navegar, que acolhe os trabalhos de alunos de escolas de circo portuguesas, e ainda uma oficina, três residências artísticas e o Circus Fórum, um espaço de partilha, reflexão e debate.