Catorze temas, nove dos quais inéditos, preenchem o novo disco de Lura, "Herança", que é lançado no dia 18 e que a cantora definiu à Lusa como "um contar de histórias" que os antepassados lhe deixaram.
"O meu património de Cabo Verde é a história que todos os meus antepassados me contaram, me deixaram como herança e são essas que conto", disse a cantora.
Dois temas sobressaem no novo trabalho de Lura - o que dá nome ao disco e "Barco di papel" -, que é lançado no mercado mais de seis anos depois do último álbum ("Eclipse", 2009).
O primeiro é um original com letra e música do compositor, escritor, poeta e ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa. O segundo, um dueto com letra de Lura que esta interpreta com o compositor camaronês Richard Bona.
Em "Herança", Lura é acompanhada apenas pela percussão do brasileiro Naná Vasconcelos, vencedor de seis Grammys e eleito várias vezes o melhor percussionista do mundo pela revista norte-americana dedicada ao jazz Down Beat.
Trata-se de um tema ao ritmo de morna, com um lado muito espiritual e tocado com uma criação muito própria de Naná Vasconcelos, explicou.
Uma canção em que a voz de Lura surge num canto chorado, a lembrar um "coro de rabelados" (comunidade religiosa em risco de extinção que se encontra principalmente no interior da ilha de Santiago e que se formou a partir de grupos que se revoltaram contra as reformas da liturgia na igreja católica na década de 1940).
Já "Barco di papel" é um tema de "apelo à consciência social", cantado em dueto com o compositor camaronês que é considerado um dos melhores baixistas do mundo.
"Herança" é também, nas palavras da cantora portuguesa de ascendência cabo-verdiana, um álbum em que pretende "aprofundar mais" as suas raízes.
Uma busca às origens visível em temas como Di undi kim bem" ou ou em "clássicos" que revisita, como "Semi Lopi", do próprio, ou "Somada", de Kaka Barbosa, um dos músicos favoritos de Ildo Lobo e de Os Tubarões.
"Sabe di más", com letra e música de Lura, é o tema que abre o álbum para, segundo Lura, "mostrar logo como é o ritmo do disco".
Trata-se de um funaná, género pouco cantado por mulheres mas em que Lura se sente "muito bem", pois "mostra a forma alegre e bem-disposta" como está na música.
Cantado só por mulheres é o "batuco", ritmo que Lura canta em "Maria di Lida", um tema inédito de Jorge Tavares Silva com que a cantora pretende homenagear a "luta quotidiana da mulher crioula" que editou em single a 31 de julho último, Dia da Mulher Africana e em que comemorou 40 anos e que inclui agora em "Herança".
Para divulgar o trabalho editado pela Lusafrica, em que participa também o músico português Pedro Jóia ("Mantenha Cudado"), Lura tem já agendados dois concertos em Cabo Verde - Mindelo, 30 de outubro, e Praia, no dia seguinte - e em Lisboa, no Teatro Tivoli, a 13 de outubro.
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