Liam Neeson disse não ser racista durante uma participação esta terça-feira no programa "Good Morning America", começando assim a confrontar a controvérsia que surgiu ontem após admitir que pensou matar um negro após uma grande amiga ter sido brutalmente violada.

"Não sou racista. Isto foi quase há 40 anos", contou o ator irlandês à jornalista Robin Roberts, onde não negou ou apresentou outra versão para a história incendiária que contou ao jornal The Independent.

No contexto da promoção do seu novo filme, "Cold Pursuit", onde interpreta um homem que tenta destruir o grupo de traficantes de drogas responsável pela morte do filho e descreveu como uma comédia negra sobre vingança, Neeson recordou que se lembrou que teve uma amiga que "lidou com a violação de uma forma extraordinária, mas a minha reacção imediata foi... ela sabia quem tinha sido? Não. E de que cor era? Disse que era negro”.

A seguir, passou uma semana a vaguear "para cima e para baixo com um bastão, na esperança de ser abordado por alguém. Na esperança – e tenho vergonha de o admitir – que um ‘sacana de um negro’ saísse de um bar e se metesse comigo por uma razão qualquer, percebe? Só para que pudesse matá-lo”.

Esta terça-feira, o ator contou que ficou chocado com o "desejo primitivo que tinha" e procurou ajuda, conseguiu ultrapassá-lo graças a um padre em confissão, longas caminhadas e conversas com dois amigos.

Partilhou ainda que tudo aconteceu no contexto da violência na Irlanda do Norte onde cresceu durante o período conhecido como "The Troubles", que opunha católicos e protestantes, que incluia ataques terroristas.

Robin Roberts recordou-lhe que perguntou à amiga imediatamente pela raça do violador e não por pormenores físicos, o que Neeson reconheceu, mas garantiu que também fez outras perguntas e teria tido a mesma reação se o atacante fosse branco, "irlandês ou escocês ou britânico ou lituano".

"Estava a tentar mostrar honra, apoiar a minha querida amiga desta forma péssima e medieval", justificou, acrescentanto que espera que as suas palavras contribuam para se falar mais abertamente sobre racismo e intolerância.

A jornalista quis saber então o que Neeson retirou deste momento.

"Falar, ser sincero. Falar sobre estas coisas. Todos pretendemos ser politicamente corretos. Neste país, é o mesmo que no meu próprio país. Por vezes apenas arranhamos a superfície e descobrimos este racismo e intolerância. E está lá. Violência gera violência. Intolerância gera intolerância", resumiu.

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