“É um projeto inovador porque torna este núcleo museológico num museu mais inclusivo, universal e habilitado a receber, sobretudo, pessoas com diversidade funcional, ou seja, pessoas com deficiência visual ou surdos-mudos”, explicou hoje à agência Lusa o técnico superior de arqueologia da Câmara de Grândola, Nuno Inácio.

Segundo o responsável, o projeto permite "receber pessoas com diversidade funcional”, além de garantir o usufruto daquele equipamento cultural.

“Criámos conteúdos, com um áudio guia e também com uma aplicação, para essas pessoas que, de outra forma, não teriam contacto direto com a história de Grândola, desde a pré-história até ao século XX”, realçou.

De acordo com o município, em comunicado, os novos equipamentos "oferecem um conjunto de aplicações e soluções de acessibilidade" que vão "ao encontro de toda a comunidade".

O projeto, desenvolvido no âmbito do programa municipal "Cultura para Todos", permitiu dotar o núcleo museológico "com acessibilidade digital e universal", para que todos os visitantes "possam interagir de maneira efetiva e independente", avançou.

Entre os vários recursos, Nuno Inácio, destaca “os áudio guias com a descrição para pessoas com deficiência visual e [outra versão] com a descrição dos vários pontos em língua gestual portuguesa” para pessoas com dificuldades auditivas.

“Há uma das componentes que tem uma audiodescrição pormenorizada dos espaços, como é que as pessoas se devem mover no local, uma descrição das peças, dos tamanhos e do próprio edifício”, exemplificou.

O museu está ainda preparado “com um piso tátil que permite guiar” as “pessoas com deficiência visual, ponto a ponto, sem entraves físicos e sem constrangimentos”, acrescentou.

Estão igualmente disponíveis outras valências “que permitem o contacto com os materiais”, indicou o responsável, dando o exemplo de algumas “réplicas feitas com os mesmos materiais dos originais” para que os visitantes possam “tocar e sentir a sua textura e temperatura”.

Além de linguagem braille em “algumas peças”, como “as medalhas do século XVII identificadas nas escavações arqueológicas da Igreja de São Pedro”, onde está instalado o núcleo museológico, “criámos relevos 2D” para os visitantes “sentirem o que elas têm gravado”, adiantou.

Foi igualmente desenvolvida uma aplicação que permite “conhecer um pouco do museu” e “descarregar a audiodescrição para o público em geral, uma outra para pessoas com deficiência visual e com conteúdo em língua gestual portuguesa”, revelou o arqueólogo, Nuno Inácio.

O projeto "Cultura para Todos", com financiamento comunitário, representa um investimento de cerca de 245 mil euros e destina-se aos diversos espaços culturais do concelho de Grândola, "oferecendo aos utilizadores equipamentos e recursos que promovam a eliminação de barreiras à comunicação e à cultura", explicou o município.

O Núcleo Museológico de São Pedro foi inaugurado em 2021 e encontra-se instalado na antiga igreja de São Pedro, um edifício religioso mandado construir nos finais do século XVI.

No seu interior, o visitante é convidado a empreender uma viagem desde a pré-história até ao século XX por um território com monumentos megalíticos, necrópoles, minas, fábricas de salga, templos, ruínas e naufrágios, que a investigação histórica e arqueológica se encarregou de desvendar.

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