O B-MAD é uma iniciativa privada da Associação de Coleções, que será oficialmente inaugurada a 23 de abril, e abrirá ao público no dia seguinte, 24 de abril, num edifício antigo adaptado, com entradas gratuitas até ao final do mês de maio, indica ainda um comunicado enviado à agência Lusa.

A abertura do novo museu localizado na Rua 1.º de Maio, no número 28, em Alcântara, estava prevista inicialmente para 2017, sendo depois adiada para julho de 2019, mas foi sofrendo mais atrasos devido a "complexas obras de remodelação e adaptação do edifício antigo que tinha uso residencial", explicou o colecionador em declarações à Lusa, no início desse ano.

Concluídas as obras, o B-MAD inicia atividade com uma exposição inaugural comissariada por Márcio Alves Roiter, fundador e presidente do Instituto Art Déco Brasil, no Rio de Janeiro, e por Emmanuel Bréon, especialista em arte dos anos 1920 e 1930, e antigo diretor do Musée des Années 30, em Paris, segundo um comunicado da organização enviado à agência Lusa.

A exposição "procura recriar a ambiência de várias épocas inspiradas pelas artes decorativas da última década do século XIX ao despoletar da Segunda Guerra Mundial", e um dos grandes desafios consistiu na colocação dos objetos nas salas, "respeitando o lado didático, mas não sendo obsessivo na sua elaboração", aponta.

Na coleção estão reunidas obras de criadoras da época, como Jacques-Émile Ruhlmann, Alfred Porteneuve, Jean-Michel Frank, Jacques Adnet, Leleu, Sornay, Dufrêne, Follot, Jallot, Majorelle, Kiss, Lalique, Brant, Puiforcat e Perzel, nas componentes da arte decorativa - móveis, trabalhos em ferro, candeeiros, objetos de vidro, cerâmica, arte da mesa e pratas – associadas à pintura, escultura, desenho, moda e joalharia, num mostruário dos estilos Arte Nova e Arte Deco.

A mostra que é inaugurada no novo museu inclui ainda pranchas de August Herborth, trabalhos datados de 1920 a 1930, que explorando a temática marajoara, um tipo de cerâmica trabalhada pelas tribos indígenas que habitavam a ilha brasileira de Marajó na foz do rio Amazonas, Brasil, durante o período pré-colonial de 400 a 1400 d.C.

Segundo o comissário Márcio Alves Roiter, citado no comunicado, “a Coleção Berardo de Art Déco, formada principalmente nos últimos trinta anos por peças encontradas em diversas partes do mundo, é um símbolo e resumo da universalidade deste estilo/movimento das primeiras décadas do século XX".

"Arte e indústria nunca mantiveram diálogo tão sofisticado na história das artes decorativas. Da utopia 'arte para todos', pretendida pelo estilo precedente, o Art Nouveau, nascia, ao redor de 1920, um verdadeiro estilo, uma estética, que se tornaria presente em todas as áreas da criação humana", contextualiza o comissário, elogiando a diversidade da coleção Berardo neste estilo.

Também o comissário da exposição, Emmanuel Bréon, citado no comunicado que anuncia a abertura do museu, reforça a raridade da coleção por se "interessar por todos os componentes da arte decorativa – móveis, trabalhos em ferro, candeeiros, objetos de vidro, cerâmica, arte da mesa e pratas – sabendo reunir, num mostruário notável, uma coleção muito representativa do estilo 1925 que o mundo inteiro redescobre hoje".

As coleções de Arte Nova e Arte Deco de José Berardo já foram alvo de exposições, nomeadamente na Fundação de Serralves, no Porto, no Sintra Museu de Arte Moderna – Coleção Berardo, no Museu Berardo, em Belém, no Centro das Artes Casa das Mudas, na ilha da Madeira, no Bacalhôa Adega Museu, em Azeitão, e em diversas instituições museológicas estrangeiras.

Por seu turno, citado também no comunicado da organização, José Berardo diz que "este é mais um sonho tornado realidade, feito de vários desejos: o desejo de preservar estas magníficas obras de arte, o desejo de as tornar acessíveis ao público, e o desejo constante de contribuir para a preservação do património e a promoção da cultura no mundo, a partir do país".

Da coleção, fazem parte os desenhos originais de Ruhlmann, da Casa de Serralves, no Porto, ícone da arquitetura civil Deco, que serão expostos no novo museu, juntamente com parte dos mais de 5.000 desenhos originais de pratas da Ourivesaria Reis e Filhos, também do Porto, da qual conserva ainda todo o recheio de mobiliário, no estilo Arte Nova.

"Ainda deste estilo, a Associação preserva a totalidade do mobiliário da Casa Vicent, juntamente com o recheio da Casa Império, ambas do Porto, a serem apresentadas num novo museu", indica a mesma fonte.

Este novo equipamento cultural de Lisboa terá espaço de receção e loja, acesso a um jardim com esplanada, idealizado no estilo Deco, e funcionará todos os dias, das 10h00 às 19h00, exceto a 25 de dezembro e a 1 de janeiro, com visitas guiadas.

O projeto para criação do novo museu reabilitou a antiga residência de veraneio do então Marquês de Abrantes, mandada construir na primeira metade do século XVIII, que tinha como primeira habitação o Palácio de Santos, ou Palácio de Abrantes, atual Embaixada de França em Lisboa.

José Berardo, que detém vários museus privados no país, exibe também parte da sua coleção de arte moderna e contemporânea no Museu Coleção Berardo, instalado desde 2007 no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, no âmbito de um acordo com o Estado.

Detém ainda, no Bombarral, o Buddha Eden Garden, cerca de 35 hectares, instalado na Quinta dos Loridos, onde se encontram centenas de figuras orientais como budas, pagodes, estátuas de terracota e outras esculturas.

Em 2010, abriu o Underground Museum em Sangalhos, Anadia, ligado à enologia, num espaço subterrâneo onde exibe coleções de arte africana, fósseis, cerâmica, minerais e azulejo antigos.

Em Estremoz, distrito de Évora, numa parceria com a autarquia local, abriu em 2020 um museu dedicado à coleção de azulejos, com exemplares do século XV até à atualidade.

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