O Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, em Lisboa, arrancou as celebrações dos seus 30 anos com a inauguração da exposição "331 Amoreiras em Metamorfose". Com obras de 84 artistas, a instalação artística promete "contar múltiplas histórias".

"Eu chamo-lhe mais um projecto expositivo do que uma exposição, porque ela vai-se transformando. A exposição é, em si mesma, uma metamorfose, porque está em constante transformação. Cada uma das montagens não é total, é sempre parcial. Há peças que ficam e há peças que saem. Há peças que entram, peças que permanecem mais tempo do que outras ", explicou Nuno Faria, o novo diretor da instituição em conversa com os jornalistas.

"331 Amoreiras em Metamorfose", que ficará patente até 31 de dezembro de 2025, vai contar com cinco capítulos ao longo do ano, destacando-se como "projeto em constante transformação, em linha com o tema".

331 AMOREIRAS EM METARFOSE
331 AMOREIRAS EM METARFOSE créditos: VASCO CÉLIO

Aos jornalistas, o diretor do museu relembrou que o título da exposição tem como referência as 331 amoreiras mandadas plantar pelo Marquês de Pombal para alimentar o processo de transformação e produção das fábricas de seda construídas na zona.

"Esta exposição foi pensada como uma constelação que reúne a obra em desenho, pintura e gravura de Vieira da Sila e Arpad Szenes, em diálogo com obras de 84 artistas", acrescentou durante uma visita antes da inauguração. "Há uma curiosidade renovada sobre a obra de Vieira da Silva que poderá trazer novas leituras, e o seu trabalho está a despertar interesse para integrar exposições coletivas em diferentes áreas e com vários curadores”, sublinhou.

"Acho que não há exposição mais plural do que esta", acrescentou o diretor do Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva.

331 AMOREIRAS EM METARFOSE
331 AMOREIRAS EM METARFOSE créditos: VASCO CÉLIO

Nos 30 anos do Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, o edifício na Praça das Amoreiras recebeu uma nova cor, "mais próxima do original" e que destaca a luz do dia, destacou o diretor. Para a renovação da identidade gráfica foram convidados os designers Pedro Falcão e Fernando Brízio.

"O título da exposição foi pensado como o começo de uma história. Não é a primeira linha de uma história que propõe mais coisas. Quero, em particular, que o museu conte histórias. Não necessariamente a história da arte, as histórias da história da arte. Essas, por definição, vamos sempre falar delas. Mas outras histórias também. E a primeira história que queremos contar com este título é a história do edifício, a história da forma como o edifício se relaciona com estes lugares", contou.

"Há um gigantismo de vários museus, este paradigma dos grandes museus. Enquanto programador, acho que este museu tem uma escala muito interessante e que permite ter uma relação mais íntima com as obras e o museu (...) Esta escala mais íntima, esta visita necessariamente não tão longa, é mais concentrada. A relação com o exterior será uma coisa que eu acho que vamos valorizar cada vez mais e de que vamos tirar mais proveito disso", destaca Nuno Faria.

Exposição
Exposição

A primeira fase da exposição, intitulada “O Tecido do Mundo", poderá ser visitada até ao dia 9 de fevereiro e conta com obras de Vieira da Silva, Arpad Szenes e de diversos artistas, como Álvaro Lapa, Belén Uriel, Gaëtan, Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, Dominguez Alvarez, Fernanda Fragateiro ou Hans Hartung.

A primeira parte da exposição centra-se em obras têxtil. "É algo tão fundacionalmente característico do trabalho de Vieira da Silva ao longo das décadas da sua longa produção artística", destacou Nuno Faria, acrescentando que o museu vai contar com "obras de Vieira da Silva raramente vistas, nomeadamente em desenho e gravura".

Depois de 13 de fevereiro, vai arrancar a segunda parte de "331 Amoreiras em Metamorfose" com "Uma estreita lacuna". Segue-se “Histórias de bichos-da-seda”, de 8 de maio a 13 julho, “Notas sobre a melodia das coisas”, de 17 de julho a 28 de setembro, e “Ascensão: Vers la Lumière”, de 2 de outubro a 31 de dezembro.

Museu Vieira da Silva
Museu Vieira da Silva

A celebração do 30.º aniversário será ainda marcada com uma programação cultural paralela no interior e exterior do edifício.

De acordo com o curador, o Museu Vieira da Silva mudou a política da bilheteira e as entradas passarão a ser sempre gratuitas para residentes em Lisboa, e aos domingos para o público em geral.