Filósofo, linguista, sociólogo e crítico, Todorov nasceu em Sófia, na Bulgária, em 1939, tendo uma longa obra sobre política e linguagem, vários títulos da qual foram publicados em Portugal por diversas editoras, desde a Assírio & Alvim à Teorema.

O editor do filósofo em Espanha, Joan Tarrida, destacou o trabalho de Todorov sobre a influência da política nas liberdades individuais e recomendou a leitura deste intelectual como sendo relevante para a atualidade.

Em 2014, quando questionado pelo jornal El País sobre "o que resta quando os direitos se convertem numa realidade formal", Todorov realçou a importância de resistir: "Resta-nos protestar, recorrer à justiça. Não há que mudar os princípios, porque estão inscritos, mas já vimos que há formas de os esquivar e é necessário que o poder político não capitule perante a potência dos indivíduos que viram o contrato social a seu favor".

"A ideia de resistência parece-me fundamental na vida democrática. Há que ser vigilante, a imprensa tem de desempenhar um papel cada vez mais importante denunciando as transgressões dos partidos, faz falta que as pessoas possam intervir, mas sei que isso requer que sejam suficientemente vigilantes, valentes e ativas", afirmou Todorov.

Classificado pelo El Mundo como "o pensador da confusão contemporânea" e pelo Nouvel Observateur como o "fantástico humanista", Todorov estudou Filologia Eslava em Sófia, onde trabalhou com Roman Jacobson, antes de se mudar para Paris, em 1963, onde, segundo o mito descrito pela revista New Republic, acabado de chegar à estação, foi direto para a Sorbonne.

Uma vez na universidade, foi ter com o diretor da Faculdade de Letras, na posse de uma carta de recomendação do orientador em Sófia, para propor um projeto sobre "estilística", levando a que o responsável francês lhe respondesse de forma negativa: "Olhou para mim como se eu viesse de outro planeta e explicou-me, de forma fria, que não havia teoria literária na universidade nem havia planos para que houvesse no futuro", contou na sua autobiografia.

Todorov trabalhou com Roland Barthes e Gérard Genette, em Paris, onde veio a tornar-se diretor de investigação do Centro Nacional de Investigação em Ciências Sociais.

O filósofo assinou livros como "O medo dos bárbaros" (sem edição em Portugal), no qual abordava um tema presente na discussão política atual: "Este medo dos imigrantes, do outro, dos bárbaros, será o nosso primeiro grande conflito do século XXI", afirmou ao El País, em 2010.

Defensor da importância das ações comuns na interação entre a Humanidade, Todorov chegou a escrever que "os atos de virtude comum são realizados não em prol da humanidade ou da nação, mas sempre pelo bem do ser humano individual".

No âmbito da Declaração Universal da Diversidade Cultural, Todorov disse que "se não se tem um sentido da própria identidade e da confirmação da existência que essa identidade providencia, [uma pessoa] sente-se ameaçada e paralisada", o que leva à legitimação da necessidade de uma identididade.

"Porém, pessoas, como grupos, vivem com outras pessoas e outros grupos. E não é suficiente dizer que toda a gente tem o direito de existir. Temos de considerar como o nosso exercício deste direito afeta a existência dos outros", escreveu o autor.