Os Paus editam, na próxima semana, o álbum "Mitra", um registo no qual a bateria siamesa cede algum do protagonismo na escrita das canções, como contou à Lusa um dos bateristas, Hélio Morais.
"Temos vindo a aprender como não nos atropelarmos uns aos outros. Ao vivo é tudo mais impulsivo, o som está mais alto, mas em estúdio quisemos compor, ao serviço das músicas, e não ao contrário", explicou.
Se a bateria dividida entre Hélio Morais e Joaquim Albergaria ainda dá o mote para as composições, a verdade é que a estrutura na qual elas foram construídas se revela mais no formato canção, com maior presença da voz e dos restantes elementos do quarteto, Fábio Jevelim (guitarra e teclados) e Makoto Yagyu (sintetizadores e teclados).
"Não foi uma coisa pensada, mas aconteceu assim. Acabámos por sentir necessidade de compor mais para a voz e até foi o que demorou mais tempo; chegámos a ter três versões de letras até chegarmos mais ou menos a um consenso", referiu.
"Mitra" surge dois anos depois do álbum "Clarão" e de uma digressão internacional, com cerca de trinta concertos, em países onde o grupo pretende regressar agora.
"O disco anterior saiu a conta-gotas na Europa e sentimos que estávamos a tocar muito, mas faltava o acompanhamento do disco. Por isso queríamos editar o disco para aproveitar o balanço", explicou.
Apesar de se manter a filosofia de entrada em estúdio sem regras e com a improvisação sempre por perto, Hélio Morais referiu que alguns esboços das canções novas foram resgatados dos momentos de pausa entre concertos.
"Andámos muito em tour, em 2014 e 2015, e, para quebrar o tédio, tocávamos nos tempos mortos, mas não queríamos estar a repetir o que iríamos tocar em palco. Nunca fizemos músicas, mas há trechos que estavam em iPhones e foram recuperados em estúdio", disse.
Se "Clarão" (2014) saiu pela editora espanhola El Segell, "Mitra" é um regresso à base, com licenciamento pela Universal Music. É também o primeiro disco a nascer nos estúdios Haus, que os Paus construíram em Lisboa, e no qual pretendem desenvolver várias valências dentro da música, como produção e gravação discográfica, agenciamento e sala de ensaio.
O grupo, que em 2010 se apresentou com o EP "É uma água", quer reforçar a presença fora de portas, em países como França, Bélgica, Holanda, Reino Unido e Itália.
O primeiro concerto de apresentação de "Mitra" está marcado para 12 de fevereiro no cinema São Jorge, em Lisboa, seguindo-se, até ao início de março, passagem por Coimbra, Guimarães, Castelo Branco, Ílhavo, Faro e Ovar. Ainda em março, estarão na Holanda e Bélgica.
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