O álbum, com músicas originais, é editado pela portuguesa Mar & Sol e vai ter distribuição mundial pela holandesa Rush Hour, marcando o regresso da banda aos discos, depois da última edição ter sido em 1996 com o disco "Madalena Meu Amor".

"Alia cu Omali" foi "gravado entre São Tomé e Lisboa" em 2018 e conta "com algumas músicas que já tinham composto ao longo dos anos e composições novas", para além de dois temas populares que os África Negra "tocam desde sempre", ao ponto de os próprios são-tomenses "pensarem que são músicas" daquele conjunto, contou à Lusa o responsável da editora Mar & Sol, Sebastião Delerue.

"Os África Negra estão vivos, de boa saúde e recomendam-se. Como o espetro da editora seria ir buscar músicas de toda a África lusófona, nada melhor para representar São Tomé que os África Negra, que são uma banda que está no ativo e que é um bom exemplo para representar" aquele país, explicou.

Para Sebastião Delerue, o som dos África Negra mantém-se passado mais de 40 anos da sua formação (1974), sendo uma espécie de puíta (estilo musical de São Tomé) lento, estando também presente o soukous e as influências de rumba.

A banda já teve várias formações - "praticamente, todos os músicos de São Tomé já tocaram nos África Negra" -, mas, no disco, a formação conta com músicos que estão no conjunto "há 30 anos", tirando o baterista, um jovem são-tomense a morar em Lisboa, referiu.

Liderada por João Seria, vocalista que se autointitula "general" e usa sempre uma boina militar nos concertos, a banda editou cinco álbuns em vinil em Portugal, entre 1981 e 1990, sendo hoje considerados discos raros e vendidos por preços acima dos 100 euros.

"Gravaram vários sucessos e conseguiram ficar famosos em São Tomé, mas também no resto da África lusófona. Em Cabo Verde, encontram-se discos dos África Negra e ouve-se na rádio", vinca Sebastião Delerue.

As mulheres - que deram nome a álbuns como "Alice" e "Angélica" - continuam a ser objeto de temas deste novo álbum, assim como as paisagens de São Tomé ("Alia cu Omali" significa "areia e mar" em crioulo são-tomense).

Após a edição do disco, são esperados concertos dos África Negra "em Portugal, assim como lá fora", informou o responsável da Mar & Sol.

A editora, focada na música da África lusófona, reeditou em 2018 dois álbuns de artistas de Cabo Verde - Pedrinho e Américo Brito -, sendo que o objetivo é continuar a lançar e promover a música feita nestes países.

"Temos a Guiné-Bissau e Angola por explorar e, talvez, iremos lançar mais coisas de Cabo Verde e São Tomé", avançou.

"Há cada vez mais interesse nestas músicas. A procura em ouvir estes ritmos africanos está a aumentar e isso é bom. É bom que se oiça esta música, que faz parte da nossa história. Acho importante que isso não acabe, que não tenha um fim, que tenha uma continuidade", vincou Sebastião Delerue.