Quase 100 anos após terem sido escritos, os livros de Agatha Christie continuam a vender milhões em todo o mundo, um fenómeno que estará até domingo em foco num festival internacional dedicado à autora, em Torquay, em Inglaterra.
Amadores e especialistas encontram-se para assistir a leituras e conferências destinadas a descortinar a obra e a vida da romancista nascida há 125 anos nesta pequena cidade da Riviera inglesa.
No total, são cem eventos para 10 mil pessoas provenientes de todo o mundo, grandes admiradoras de Agatha Christie (1890-1976), que, mesmo não tendo frequentado a escola - aprendeu a ler e a escrever em casa - tornou-se um dos maiores êxitos de vendas em todo o mundo.
Muitos dos 80 livros que escreveu foram vertidos para o cinema e televisão, tendo contribuído para aumentar a sua popularidade ao longo das últimas décadas.
O romance policial tornou-se um género maior nos últimos anos, mas mantém-se o mistério sobre as razões que continuam a atrair tanto público a ler as histórias de Christie, que decorrem na primeira metade do século XX, descrevendo uma sociedade que já não existe, com pessoas a ser assassinadas com venenos fora de moda.
"É difícil de explicar", responde à France Presse o único neto da escritora, Mathew Prichard, guardião da obra da "rainha do crime", falecida em 1976.
Depois de muitas vezes questionado sobre este fascínio que se mantém até aos dias de hoje, o neto dá a resposta de sempre: "A minha avó escrevia livros para distrair as pessoas, estivessem elas numa cama de hospital ou a fazer uma viagem de comboio. As intrigas são muito acessíveis, mesmo para pessoas que leem pouco".
John Curran, especialista na obra da romancista e autor do livro "Os Cadernos Secretos de Agatha Christie", aponta também a acessibilidade dos textos, que podem ser devorados tanto por jovens como por universitários, com o mesmo prazer.
A autora foi enfermeira durante a Segunda Guerra Mundial, e foi dessa forma que aprendeu o poder de "poções mortais" como o arsénico de que fala nos livros.
Também era muito apreciadora de tartes, bolinhos e doces, sobre os quais escreve frequentemente, quando chega a hora do chá nos livros.
No Reino Unido, todas as noites há um filme de Agatha Christie a passar num canal de televisão, seja com o famoso detetive belga de bigode Hercule Poirot ou então com Miss Marple, uma idosa muito perspicaz a resolver crimes.
Terça-feira, 15 de setembro, assinalam-se os 125 anos do nascimento de Agatha Mary Clarissa Christie, que, segundo o Guiness Book, é a romancista mais bem sucedida da história da literatura popular mundial em número total de livros vendidos, uma vez que suas obras, juntas, venderam cerca de quatro mil milhões de cópias nos séculos XX e XXI.
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