Pela primeira vez, a 13 de janeiro de 1906, abria-se a porta da Livraria Lello. 110 anos depois, a famosa livraria do centro histórico do Porto continua a conquistar todos, desde os amantes da literatura até aos estudantes de arquitetura ou fãs de “Harry Potter”.
Quando inauguraram a livraria, António e José Lello estavam longe de imaginar que “a Lello” seria considerada uma das mais belas do mundo, pelo The Guardian, e a mais “cool” pela revista Time. Certamente, os irmãos também não sonhavam, 110 anos depois, vender uma média de 552 livros por dia.
Pelo número 144 da Rua das Carmelitas, no Porto, e com a Torre dos Clérigos ali ao lado, passam centenas de turistas por dia. Atraídos pela história, pelos livros ou pela arquitetura, os visitantes deixam-se encantar pelos pormenores que “a Lello” esconde.
A escadaria central é umas atrações principais. E a culpa é, também, de J.K. Rowling que, apesar de nunca ter falado abertamente sobre o período em que esteve em Portugal, foi casada com um português e que viveu no Porto na primeira metade dos anos 1990, altura em que começou a escrever “Harry Potter e a Pedra Filosofal”.
Todos os anos, jovens de todo o mundo visitam a livraria não à procura de um livro, mas para conhecer o universo que inspirou a criadora da história do jovem feiticeiro mais conhecido do mundo. Segundo a revista Time, a escadaria que Rowling descreve em Hogwarts tem como base a que podemos encontrar na livraria da cidade Invicta. Porém, ao contrário do que pensam alguns fãs da saga, nenhuma cena foi filmada na Lello.
A Lello vende histórias, mas a sua própria história tem apaixonado o mundo ao longo dos anos. No dia em que a livraria celebra o 110º aniversário, o ministro da Cultura, João Soares, juntou-se a um encontro especial entre uma Florbela Espanca e um Camilo Castelo Branco para celebrar o 110.º aniversário daquele ícone arquitetónico do Porto.
“Começamos o nosso dia por receber, e estamos muito sensibilizados por isso, a visita do ministro da Cultura, João Soares, que é um homem dos livros, que é um homem sensível à Cultura e que vem de propósito ao Porto para abrir a porta [da Livraria Lello] connosco, ao fim de 110 anos às dez da manhã pontualmente”, explicou à Lusa José Manuel Lello, administrador da Livraria Lello e bisneto do fundador daquele espaço.
“A Livraria Lello é também uma prova de que a Cultura tem mercado e tem um espaço de afirmação no plano comercial para o país, mas sobretudo de que a Cultura pode ser um motor para o desenvolvimento”, disse aos jornalistas João Soares.
O administrador da livraria, José Manuel Lello, revelou à Lusa que a Lello ainda tem “margem de manobra” para aumentar a venda de livros, com “capacidade de crescimento por duas vias”; uma através da melhoraria das lacunas que têm e, a segunda, é recuperando os “clientes do Grande Porto, os clientes habituais que se afastaram pela sobrecarga de visitas que tinham”.
“Estou confiante. Só espero que nos próximos 100 anos tenhamos também e as pessoas que nos sucederem a capacidade de fazer este mesmo trabalho”, disse José Manuel Lello, sublinhando que “há 110 anos ninguém acreditaria que esta livraria fosse o que ela é hoje”.
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