Em declarações à Lusa, o presidente da APR, Luís Mendonça, avançou que as rádios locais vão deixar de fazer as entrevistas e debates com todos os candidatos do distrito, limitando-se apenas a noticiar “informações básicas” sobre as legislativas.

Segundo Luís Mendonça, este boicote já foi feito também no ano passado, durante a campanha eleitoral para as legislativas de março de 2024, tendo na altura cerca de uma centena de rádios aderido ao protesto, um número que a associação estima que este ano seja idêntico.

Em causa está a não atribuição dos tempos de antena às rádios locais, que apenas os podem transmitir nas eleições autárquicas.

“Durante bastantes anos temos vindo a falar com o Governo e também com a Assembleia da República que as rádios locais acompanham todos os momentos eleitorais, dão voz aos candidatos e fazemos debates e entrevistas com os candidatos de cada um dos distritos, mas em contrapartida não temos tempos de antena que são distribuídos às rádios locais apenas nos momentos das eleições autárquicas”, disse o presidente da associação.

Luís Mendonça afirmou que as rádios locais pretendem que os tempos de antena sejam também estendidos “a todos os momentos eleitorais e não só às autárquicas”.

“Isto é uma luta que a Associação Portuguesa de Rádio e Difusão tem vindo a fazer ao longo de vários anos e que não tem tido resposta”, frisou, dando conta que o primeiro boicote foi feito nas europeias de 2019, “mas como não sortiu qualquer efeito, foi decidido centralizar mais num momento em que é mais próximo”.

Com este boicoto, sustentou, os candidatos em cada distrito “deixam de ter a sua voz, pelo menos nas rádios locais”.

O responsável explicou a importância dos tempos de antena, uma vez que é uma forma das rádios locais conseguirem algum apoio financeiro: “Esta é uma importância grande porque, quando se fala muito em dificuldades que os órgãos de comunicação social neste momento estão a passar, era uma forma de fazer chegar alguma verba financeira às rádios porque os tempos de antena são pagos pelo Estado Português”.

Luís Mendonça disse ainda que os partidos políticos já começaram a perceber a reivindicação das rádios locais, tendo em conta que o atual Governo colocou esta medida do programa de apoio aos órgãos de comunicação social locais, mas ainda não foi concretizada.

O presidente da APR precisou que o PS também colocou no programa eleitoral a medida para que os tempos de antena sejam estendidos a todas as rádios locais.

“Por isso para nós continua a fazer sentido continuar o boicote porque, enquanto não estiver implementada, achamos que não podemos deixar de baixar os braços”,sublinhou.

A campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas de 18 de maio começa no domingo.