A peça, que assinala o regresso de Isabel Medina à encenação sozinha depois de, em 2012, ter dirigido “Vânia”, no Teatro da Trindade, é um “metatexto” do que encenou em 1996 na Escola de Mulheres, que fundou com Fernanda Lapa, e que a incentivou a pô-lo em palco.

“Novos Confessionários – Cabaret Sentimental” era o título do texto inicial com o qual Isabel Medina se estreou a nível profissional na encenação, por desafio de Fernanda Lapa (1943-2020).

Quando pensou voltar “um bocadinho à [sua] vida artística”, depois de algum tempo sem fazer nada por escolha própria, Isabel Medina pensou que “seria bom fechar o ciclo” que começara com aquele texto, porque ao fim de quase trinta anos não é a “mesma pessoa” e tem uma “visão diferente da vida, das artes, de tudo”.

“Talvez fosse engraçado fazer com o meu texto, para não ir fazer com outro texto qualquer de outro autor, esta viagem por cima, este metatexto com aquilo que eu acredito agora ser mais importante porque á a forma como vejo a minha vida”, explicou.

Além de o texto trazer uma nova perspetiva, a que não são alheias a aprendizagem e a experiência de vida de Isabel Medina, também volta ao palco porque Fernanda Lapa “partiu”.

E como esta atriz e encenadora, que morreu em 2020, foi “de certa forma” sua “mestre” decidiu pô-lo em palco, dedicando-lhe o espetáculo, como forma de a “homenagear”.

Três mulheres – uma psicóloga, uma mãe de família e uma jovem ex-toxicodependente que está a recomeçar a vida – com todos os sentimentos que têm em relação à vida, são o centro da história que sobe ao palco do auditório da Malaposta num espetáculo que Isabel Medina considera “uma comédia humana”.

Três mulheres com perfis diferentes, como no texto inicial, que se juntam porque têm um segredo em comum.

A estas três mulheres junta-se uma quarta que lhes faz “uma espécie de chamada de atenção para o pouco que elas acham que valem, para o valor que elas dão às circunstâncias e não a elas próprias, e isso é que é novo neste espetáculo”, frisou Isabel Medina.

Esta quarta personagem vem dizer às outras três mulheres que são elas quem tem o poder sobre as suas vidas e não precisam de se vitimizar.

Resultante de uma oficina de dramaturgia realizada por Isabel Medina em conjunto com as atrizes, cada monólogo que interpretam foi escrito por cada uma delas depois de dissecarem cada personagem.

Com texto e encenação de Isabel Medina, cenografia, figurinos, cenário e adereços de Ana Vaz, interpretação de Rafaela Covas, Raquel Oliveira, Lucinda Loureiro e Sílvia Filipe, a peça está em cena até dia 27, com sessões de quinta-feira a sábado, às 21h00, e, ao domingo, às 16h30.