Perante a erupção do vulcão Yellowstone, em 2036, que irá destruir todo o oxigénio na Terra, P. acorda com o som ensurdecedor de um alarme de emergência sem ver nada em seu redor exceto uma intensa névoa de fumo.

Sem saber o que é, procura respostas, sabendo que A., autora da sua história e que vive num desespero profundo com a iminente extinção da humanidade provocada pela explosão do vulcão, é a única que lhe pode fornecer respostas.

Enquanto P. reivindica um novo final, A. luta pela sua sanidade mental.

“A ideia de trabalhar esta eventualidade de extermínio da terra e de como as relações humanadas poderiam ter uma salvação para a situação” foi o ponto de partida de “Aquário”, disse Marlene Barreto à agência Lusa.

O capitalismo, a luta pelo poder e a capacidade de acesso à tecnologia que salve a humanidade desta catástrofe por parte de quem tem poder financeiro estão também presentes na peça, acrescentou a criadora.

Para salvar a humanidade da falta de oxigénio, é criada uma espécie de aquário que faz a diálise do oxigénio de 12 em 12 horas, permitindo que os humanos resistam à tragédia.

Contudo, só tem acesso a esta tecnologia quem possa pagar por ela.

O lugar de iminência, de fim e de morte torna-se, assim, mais passível de atingir uma grande maioria de humanos.

Interpretado por Vítor Alves da Silva, Inês Dias e Marlene Barreto, com produção da Casulo Artes Performativas, “Aquário” vai estar em cena n´A Comuna, partindo depois para digressão, com espetáculos já previstos para Loulé e Braga, referiu Marlene Barreto.

Antes do início do espetáculo, uma exposição itinerante demonstrativa do laboratório realizado com nove artistas que deu início ao trabalho estará também presente em palco, neste espetáculo “não naturalista” e que, segundo Marlene Barreto, pretende discorrer sobre quais são os limites da sobrevivência humana.

O avanço dos extremismos, dos fundamentalismos, da própria pandemia de covid-19 aumentaram também a pertinência do espetáculo, acrescentou a criadora e encenadora.

Com cenografia de Fernando Ribeiro, figurinos de Catarina Graça e criação musical de Brina Costa, o espetáculo tem direção de corpo e movimento de Joana Pupo e desenho de luz de Pedro Santos.