“[O prémio é o] reconhecimento de amizade. Amizade entre povos ibéricos, Portugal e Espanha, que estão na origem deste prémio, e também a amizade entre José Saramago e Eduardo Lourenço”, disse Pilar del Rio aos jornalistas, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda, no final da sessão de entrega da 17.ª edição do Prémio Eduardo Lourenço.

Segundo a responsável, o escritor e o ensaísta cultivaram a amizade “ao longo da vida”.

“E penso que nos honra que nos lembremos dela e recordando-a, quando fisicamente [José Saramago e Eduardo Lourenço] já não estão entre nós”, vincou.

No discurso que proferiu, Pilar del Rio sublinhou que o prémio atribuído à Fundação que dirige “é extraordinário” e recordou as circunstâncias em que o escritor e o ensaísta se conheceram.

Disse, ainda, que no centenário do nascimento de José Saramago, “é magnífico” que “os nomes se voltem a unir” com esta distinção.

Na sessão, o ministro da Educação, João Costa, que participou por videoconferência, felicitou Pilar del Rio pelo prémio e “pelo justo reconhecimento” da Fundação José Saramago.

A diretora regional de Cultura do Centro, Susana Menezes, que representou o ministro da Cultura, referiu que “não podia o Prémio Eduardo Lourenço ser melhor entregue: das mãos de um, para as mãos de outro”.

O presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, afirmou que José Saramago e Eduardo Lourenço “pensaram um conceito de ibéria que lhes seduzia o ideário, e que, apesar das suas nuances bem marcadas, tinha pontos em comum”.

“Para estes dois grandes nomes da cultura portuguesa, a península ibérica foi sempre muito maior que o seu espaço físico”, disse, referindo que o galardão associou os “dois nomes maiores da cultura portuguesa contemporânea”.

O elogio à Fundação premiada foi feito por Carlos Reis, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Comissário das Comemorações do Centenário de José Saramago e Prémio Eduardo Lourenço 2019.

Segundo Carlos Reis, o nome do patrono do prémio “combina de uma forma absolutamente notável com José Saramago”, que “prolongou as propostas de reflexão iberistas, muitas delas vindas de Eduardo Lourenço”.

Na sessão usaram também da palavra o vice-reitor da Universidade de Coimbra (Delfim Leão), o vice-reitor da Universidade de Salamanca (Javier Benito) e o vice-presidente do Instituto Politécnico da Guarda (Manuel Salgado).

O galardão foi atribuído, por unanimidade, por um júri constituído pelos membros da direção do CEI e por mais oito personalidades, que “reconheceu o importante trabalho da Fundação José Saramago, que corporiza nos seus atos e princípios a ideia livre e criativa de um iberismo cultural e afetivo”.

O prémio, no montante de 7.500 euros, foi instituído em 2004 e destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura e cooperação ibéricas.

Receberam o Prémio Eduardo Lourenço a professora catedrática Maria Helena da Rocha Pereira, o jornalista Agustín Remesal, a pianista Maria João Pires, o poeta Ángel Campos Pámpano, o professor catedrático de direito penal Jorge Figueiredo Dias, os escritores César António Molina, Mia Couto, Agustina Bessa Luís, Luís Sepúlveda e Basilio Lousada Castro, o teólogo José María Martín Patino, os professores e investigadores Jerónimo Pizarro, Antonio Sáez Delgado, Carlos Reis e Ángel Marcos de Dios, o jornalista e escritor Fernando Paulouro das Neves e a Fundação José Saramago.