"Canto há mais tempo, mas conto desde que tornei o fado a minha profissão, depois de ter ganhado a Grande Noite do Fado de Lisboa", em 1985, disse o fadista à Agência Lusa.

Para o fadista, "são 35 anos [completados no ano passado] de vivências" e de fazer o que mais gosta. "Tive essa sorte e considero-me um privilegiado, pois faço o que mais gosto", referiu.

A situação de pandemia vivida no país "alterou os planos" do fadista que projetava editar o disco em meados do ano passado: "Ficou tudo adiado, e vou tentar reagendar as apresentações do disco e até alguns concertos no estrangeiro, nomeadamente nos Estados Unidos".

Natalino de Jesus começou ainda jovem a cantar em espetáculos de fado nas coletividades e casas de fado no bairro da Madragoa, em Lisboa, onde nasceu, seguindo-se a vitória na Grande Noite do Fado de Lisboa, em 1985, que lhe deu entrada para a profissionalização, tendo feito parte dos elencos de várias casas de fado de Lisboa, entre elas, a Adega Mesquita, a Taverna D´El Rei ou o restaurante A Severa.

"Viver" sucede ao álbum "Foi Assim.." (2017), no qual resumiu 30 anos de carreira, como afirmou na ocasião à Lusa.

Neste novo álbum, num total de doze temas e mais um extra, Natalino de Jesus canta pela primeira vez poemas de Maria de Lurdes de Carvalho, "Poema Bendito", com música de Martinho d'Assunção (1914-1992), e "Teus Olhos são Arco Íris", que gravou na melodia do Fado Corrido, e, de Daniel Gouveia, que assina também a música, "O Rafeiro".

Sobre "O Rafeiro", Natalino de Jesus disse que é um poema que o faz recuar aos seus tempos de infância, à rua onde viveu, "além de chamar à atenção para o bem estar dos animais",

Outro poeta escolhido foi Mário Raínho, que foi quem escreveu o seu repertório no início da carreira.

Em declarações à Lusa, Mário Raínho, com mais de 500 poemas gravados, realçou "a boa voz e dição claras de Natalino de Jesus, que valoriza sempre um poema".

De Raínho, Natalino de Jesus gravou "Não Há Homem que Não Chore", na melodia do Fado Perseguição, de Carlos da Maia, e "Balada para um Amigo", um poema dedicado ao fadista Fernando Maurício (1933-2003), explicou o poeta, e que Natalino gravou com música de Carlos Macieira e Manuel Martins.

Fernando Maurício é uma das referências de Natalino de Jesus, ao lado de Manuel de Almeida (1922-1995) e Fernando Farinha (1928-1988).

Rogério Oliveira é outro poeta escolhido, de quem gravou "Amor sem Medida", numa música de Fernando Jorge Silva, e desta mesma dupla "Assim Vou Cantando".

De Fernando Gomes dos Santos gravou "Estrada Sem Fim", no Fado Menor, e outra escolha foi "o primeiro fado que José Mário Branco compôs", para um poema de Manuela de Freitas, "Fado da Tristeza", com que abre o disco editado pela Primetime, com apoio do Museu do Fado.

Lenita Gentil, com quem Natalino já gravou dois discos, partilha com o fadista a interpretação de "Canção Sem Ti", uma versão portuguesa de Joaquim Pessoa, da canção "A Comme Amour", de Olivier Toussaint e Paul de Senneville, e que é ainda o tema extra deste disco, numa interpretação a solo de Natalino de Jesus.

Natalino justificou a escolha de Lenita "por haver uma grande cumplicidade entre os dois".

O fadista, numa homenagem à sua mãe, falecida o ano passado, gravou "Estrela da Minha Vida", de Alves Coelho Filho, uma criação de Francisco José (1924-1988).

Do alinhamento do disco consta ainda um tema do Cancioneiro Açoriano, "Olhos Negros", que foi também gravado por outros intérpretes, nomeadamente Maria de Lourdes Resende e Teresa Salgueiro.

Neste álbum, Natalino de Jesus é acompanhado pelos músicos Fernando Silva, na guitarra portuguesa, Carlos Macieira e Francisco do Carmo, na viola, e Fernando Nani na viola baixo.

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