Setecentas páginas e quarenta anos de rock: Elvis Costello publicou um livro de memórias, no qual juntou uma coleção dos episódios mais marcantes da carreira.

Em "Unfaithful Music and Disappearing Ink", lançado esta terça-feira, 13 de outubro, o músico conta como em 1977, frustrado por não encontrar uma editora nos Estados Unidos, agarrou na sua guitarra e começou a tocar à frente de um hotel de Londres, onde estavam alguns responsáveis da CBS Records, até que a polícia chegou e o prendeu.

O atrevimento foi, de qualquer forma, um sucesso: chamou a atenção da imprensa e abriu portas para o mercado norte-americano.

Em quarenta anos de carreira, o compositor e intérprete entrou para a história do rock com álbuns como "My Aim Is True" e "Armed Forces", e colaborações que vão de Paul McCartney ao pianista de Nova Orleães Allen Toussaint.

Filho de músicos, Costello - cujo nome verdadeiro é Declan Patrick MacManus - cresceu entre Londres e Liverpool. "A decisão de usar o nome de Elvis sempre me pareceu insensata. Foi uma combinação concebida pelos meus agentes para atrair a atenção do público (...), o que a minha cara bonita e o meu carisma selvagem não poderiam fazer", escreveu com ironia o canto.

O músico conta também um episódio que quase pôs em causa a sua carreira em 1979. Bastante bêbado, Costello entrou numa forte discussão com o músico Stephen Stills, quis provocá-lo e usou linguagem racista para referir-se aos ícones da música negra James Brown e Ray Charles.

Costello compôs "Free Nelson Mandela" alguns anos depois do incidente, que descreve como um divisor de águas na sua carreira: "Aquela noite talvez tenha salvo a minha pobre vida".