“Esse disco fala de vidas, por isso é que se chama “Vidas pra Contar”(2015). Ali, eu falo um pouco da minha vida através das minhas reminiscências, falo da relação com a minha mãe, sobretudo a musical”, afirmou Djavan, à agência Lusa, por telefone a partir do Rio de Janeiro.

Djavan regressa aos palcos portugueses no Campo Pequeno, em Lisboa, no dia 4 de novembro, e no Coliseu do Porto, no dia 6 de novembro, apresentando as canções do recente álbum, lançado em 2015, e os seus sucessos consagrados como ‘Flor-de-Lis’, ‘Lilás’, ‘Eu te Devoro’, entre muitos outros.

Segundo o compositor, foi a sua mãe que o introduziu na música ou pelo menos vislumbrou a sua vocação musical.

“Eu sempre falava disso em entrevistas, mas nunca tinha falado em música, então agora fiz ‘Dona do Horizonte’ para falar dessa relação”, explicou.

O cantor e compositor brasileiro, de 67 anos, referiu que teve vontade de trazer de novo a região Nordeste (do Brasil) para o seu quotidiano, já que nasceu em Maceió, no estado de Alagoas.

“Falei do Nordeste (nas músicas do álbum), da fraternidade do povo, da religiosidade, das festividades, falei da beleza das moças nordestinas, trazendo essas referências de novo para a minha vida”, indicou.

O cantor mantém também o tema amor neste álbum, caracterizando “o amor esperado, o amor dissolvido, o amor platónico”, entre outros tipos de amores, além de abordar o comportamento do ser humano nos dias de hoje “nos âmbitos político, social e até familiar na música ‘Enguiçado’”.

O cantor brasileiro também referiu a influência do cantor nordestino Luiz Gonzaga na sua obra.

“O Luiz Gonzaga é o grande ícone do Nordeste, o grande influenciador, o grande desbravador das questões nordestinas (…). Ele falou de todas as questões que envolvem o Nordeste e, portanto, influencia a todos, principalmente aqueles que nasceram na região”, avaliou.

Para Djavan, Luiz Gonzaga estava “também no espetro, no olhar” da sua mãe, que o levava “para o ver cantar quando era pequeno”.

“É um homem que tem uma influência muito grande na minha vida. Eu costumo dizer que a minha influência musical vai de Luiz Gonzaga a Beatles, passando por música negra americana, música africana, música flamenca, todos os ídolos do Brasil”, afirmou.

De acordo com Djavan, “o Brasil é um continente e sofre a influência de várias partes do mundo” e foi tudo isso que “formatou” a sua formação musical.

Diz que adora cantar em Portugal, por várias razões: “Adoro a arquitetura, que é a minha grande paixão, adora a comida e adoro a recetividade do povo português”.

“O povo português tem carinho pela minha obra musical, uma coisa bem ‘legal’. Quando vou a Portugal, os meus ‘shows’, além de muito concorridos, são sempre muito vibrantes. A interação entre plateia e palco se dá em Portugal como se eu estivesse na Baía, por exemplo, que é um lugar de muita efervescência. Gosto muito de cantar aí. Estou adorando essa ideia e doido que chegue logo esse momento”, disse.

O álbum “Vidas pra Contar” tem 12 faixas inéditas, com músicas como “Vidas pra Contar”, “Vida Nordestina”, “O Tal Amor”, “Não é um Bolero”, “Encontrar-te”, “Aridez”, entre outras, estando já a venda em Portugal.

Djavan completou 40 anos de carreira em 2015, ano em que também foi agraciado com o Grammy Latino pelo conjunto da sua obra. Anteriormente, recebeu o Grammy Latino em 2000 pela música “Acelerou” e em 2010 pelo disco “Ária”.