"Madmud" (2007), um concerto para piano solo e voz, está previsto para 2 de fevereiro, e "Captado pela intuição" (2017), um solo coreografado pela própria artista, construído a partir da sua intuição, sobe ao palco do TBA de 4 a 6 do mesmo mês.

Os dois projetos, de momentos diferentes da carreira de Tânia Carvalho, vão ilustrar dois universos representativos do trabalho criativo da artista, que transita entre a coreografia e a música, entre a dança e o desenho.

“'Madmud' ['Lama louca'] vem de uma sensação que tenho quando canto, que me faz pensar em elementos que vêm de longe, algo que vem das profundezas da terra e que passa através do meu corpo", descreve Tânia Carvalho, citada num comunicado do TBA sobre este projeto.

Em ressonância direta com a sua mais recente peça de dança, "Onironauta" (2020), "Madmud" entra na esfera musical e poética da criadora, "através da sua voz vulcânica e operática, do drama visual e da sua composição imaginativa ao piano, distorcendo e deformando as canções (...), onde ondas de melancolia e tumultos tenebrosos pairam no ar", descreve o texto.

Nesta peça, a interpretação - voz e piano - é de Tânia Carvalho, o som, de Juan Mesquita, numa produção de Tânia Carvalho/Agência 25.

De 4 a 6 de fevereiro, será a vez de "Captado pela Intuição", um trabalho que surge de uma interpelação que a coreógrafa fez a si própria: “O que é isso de querer estar a fazer uma peça para mim?”.

Neste questionamento, “em vez procurar respostas, [Tânia Carvalho] ficou à espera que os movimentos lhe aparecessem de forma intuitiva, que passassem através dela, deixando-os fluir livremente”, e o resultado foi "um solo que se situa entre o abstracionismo lírico e o figurativismo, um dualismo entre o seu lado expressionista e o movimento coreográfico rigorosamente desenhado", descreve o TBA.

Com coreografia e interpretação de Tânia Carvalho, que também assina o conceito de luz e o seu desenho, com Anatol Waschke e Zeca Iglésias, a peça tem produção Tânia Carvalho/Agência 25 e coprodução do Centro Cultural Vila Flor e do Teatro Aveirense.

Em 2018, a coreógrafa Tânia Carvalho foi alvo de um ciclo de homenagem sobre os seus 20 anos de carreira, que decorreu com a apresentação das suas criações mais emblemáticas e de novas obras, no Teatro Camões, pela Companhia Nacional de Bailado, e nos teatros municipais Maria Matos e São Luiz, em Lisboa.

Tânia Carvalho iniciou aulas de dança clássica aos cinco anos, em 1991 fez a Escola Superior de Dança de Lisboa e, em 1997, ingressou no Curso de Intérpretes de Dança Contemporânea Fórum Dança, também na capital portuguesa.

Fez ainda o Curso de Coreografia da Fundação Calouste Gulbenkian, e tem vindo a colaborar em vários trabalhos, tanto em interpretação como criação, com os coreógrafos Luís Guerra de Laocoi, Francisco Camacho, Carlota Lagido, Clara Andermatt, David Miguel, Filipe Viegas e Vera Mantero.

Como coreógrafa e intérprete criou, entre outras, as peças "Danza Ricercata" (2008), "Der Mann Ist Verrückt" (2009), "Olhos Caídos" (2010) e "A Tecedura do Caos" (2014).

É também criadora dos projetos musicais “Trash Nymph” e “Moliquentos”, e cofundadora do coletivo de artistas Bomba Suicida.

Em janeiro de 2020, estreou a peça "Onironauta" - sobre a capacidade de controlar os sonhos e moldar o seu sentido - na Maison de la Danse, em Marselha.