Numa entrevista à agência Lusa, a propósito dos 40 anos de existência da companhia, que serão celebrados em 2017, a diretora sublinhou a importância do projeto na criação de "outras ofertas para o público".
A Escola da Companhia Nacional de Bailado vai funcionar num centro educativo conjunto com o Teatro Nacional de São Carlos, na rua Vítor Cordon, em Lisboa, onde também vão decorrer outras atividades na área da dança.
Além da escola, haverá aulas regulares para crianças com necessidades especiais, oficinas coreográficas nas férias, cursos de dança de verão, 'master classes', espetáculos 'de bolso', um curso de História da Dança, e conferências para adolescentes.
Luísa Taveira decidiu avançar com o projeto da escola, porque achou que fazia sentido, desde que não colidisse com o trabalho da Escola de Dança do Conservatório Nacional, que dá aulas a partir dos nove anos, já com a componente técnica.
"Há muita coisa que se pode ir fazendo com as crianças, entre os cinco e os nove anos: estimular a criatividade, a coordenação, a amplitude de movimento, mas sem ensinar técnica, extremamente deformativa do corpo. Esse outro ensino já tem de ser muito bem feito, porque é de uma responsabilidade enorme", sublinhou.
No centro educativo, a CNB vai trabalhar em projetos conjuntos com o Teatro Nacional de São Carlos: "Podemos nós trabalhar a parte do movimento e eles, da música, por exemplo. Vai ser uma parceria interessante e enriquecedora", comentou a diretora.
A CNB e o São Carlos são geridos pelo Opart - Organismo de Produção Artística, para cuja presidência foi nomeado, em abril o gestor Carlos Vargas.
A escola infantil vai ter quatro turmas, duas, dos cinco aos sete anos, e duas, dos sete aos nove, com cerca de 20 alunos cada turma, com o pagamento de uma inscrição e mensalidade de 60 euros, sem seleção na entrada.
Além de uma oferta extra ao público na área da dança, a criação da escola tem como objetivo aproveitar "as longas carreiras dos bailarinos, naquilo que eles sabem fazer melhor".
"É muito problemático reconduzir os bailarinos que já não dançam e colocá-los dentro da organização da companhia. Quando se cria um serviço novo, é mais fácil e mais lógico", na opinião de Luísa Taveira.
A questão do reenquadramento profissional dos bailarinos que deixam de dançar - normalmente entre os 38 e os 42 anos - tem vindo a ser alvo de propostas políticas, ao longo dos anos, mas nunca chegaram a ser colocadas em prática.
"Eles continuam a poder dançar nalguns momentos da programação, mas, como somos uma companhia sobretudo de reportório, as peças são fisicamente mais exigentes", para os bailarinos de idade avançada.
Luísa Taveira considera mesmo que a introdução de um estatuto especial nesta profissão será muito difícil de acontecer, sobretudo em tempos de restrições financeiras, e que, em alternativa, podem ser implementadas outras soluções.
"É a solução socialmente mais aceitável porque quando um bailarino deixa de dançar está no auge da sua vida útil, e faz todo o sentido que a sua experiência seja aproveitada mais tarde", sustentou.
Questionada sobre a reação dos bailarinos da companhia - que tem ao todo 80 profissionais, menos de metade, efetivos - a diretora da CNB disse que foi "muito boa" e que 15 profissionais vão passar a trabalhar nos estúdios do centro educativo na rua Vítor Cordon, com colaborações previstas também da parte do resto da companhia.
"Acredito no sucesso deste projeto educativo. Não queremos competir com ninguém, mas a CNB tem atrás dela esta maneira de fazer e tem esta responsabilidade fazer este tipo de oferta ao público", comentou a responsável.
Foi a 22 de junho de 1977, que o então secretário de Estado da Cultura, escritor, poeta e professor David Mourão-Ferreira, assinou o despacho de criação da CNB, que em 2017 irá completar 40 anos, e é, desde 2010 dirigida por Luísa Taveira, reconduzida este ano, pelo Ministério da Cultura, até 2018.
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