Os reguladores chineses intensificaram esta semana a campanha contra as celebridades e os seus grupos de fãs, alegando que estes criam “caos” e promovem “prazeres extravagantes”.

A Administração do Ciberespaço da China divulgou na terça-feira um conjunto de regras para regular a atividade das celebridades, a publicidade e grupos de fãs, como parte do esforço do Presidente Xi Jinping para reformar os valores sociais no país.

O regulador criticou a “supremacia dos cliques [na Internet]” e a “estética anormal”, pela deterioração dos “valores dominantes” na sociedade chinesa.

As regras podem banir páginas de fãs com dezenas de milhões de seguidores que proliferaram ‘online’ e entraram em conflito com a campanha de Pequim para remodelar a cultura entre os mais jovens.

Os grupos de fãs devem agora ser administrados por agentes profissionais de celebridades.

O número de vezes que celebridades e os seus trabalhos ou produtos podem aparecer nas páginas da Internet também será limitado.

Adicionalmente, o Business Insider avançou que as contas das redes sociais de celebridades e fãs serão obrigadas a aderir à 'ordem pública e bons costumes, aderir à orientação correta da opinião pública e de valores, promover os valores fundamentais socialistas e manter um estilo saudável'.

As novas regras são projetadas para eliminar os grupos com milhões de seguidores devotos de celebridades asiáticas. Especialistas acreditam que as autoridades chinesas estão preocupadas com a capacidade de organização e ação social destes grupos.

As redes sociais estão também impedidas de promover celebridades apanhadas em comportamentos ilegais e “antiéticos”.

A campanha de Pequim para orquestrar um maior controlo sobre as indústrias culturais do país aumentou desde que a campanha de “prosperidade comum” de Xi Jinping foi lançada em agosto e escândalos que culminaram com a detenção no mesmo mês do ator Kris Wu, suspeito de violação, e a multa de 46 milhões de dólares aplicada à atriz Zheng Shuang por evasão fiscal.

A campanha já teve como alvo várias estrelas proeminentes do país e forçou as empresas de entretenimento sul-coreanas a saírem da China, que era antes o seu maior mercado de crescimento.

Em setembro, a atriz chinesa Zhao Wei, uma das estrelas mais populares, bem pagas e premiadas graças a títulos como "Shaolin Soccer" (2001), "A Batalha de Red Cliff" (2008–2009), a saga "Painted Skin" (2008-2012) ou "Lost in Hong Kong" (2015), desapareceu na internet do seu país após alegadamente ter sido colocada numa lista negra de personalidades "mal comportadas". Os seus filmes e programas de televisão deixaram de estar disponíveis nas plataformas de streaming, tal como as suas contas nas muito controladas redes sociais chinesas e até uma página de fãs.

O número de dias e horas dos jovens com os videojogos também foi limitado e canções consideradas violentas, que incitem o ódio ou "ameacem a segurança nacional" foram proibidas em karaokes, assim como vários "reality shows".

Perante a queda da natalidade no país, as autoridades também criticaram o estilo efeminado de alguns homens famosos, inspirado principalmente em cantores coreanos, e os reguladores instruíram as emissoras a exibir uma imagem mais masculina e o setor de videojogos a suprimir conteúdos que possam estimular essa "efeminação".

Aplicar as medidas será difícil, no entanto, segundo analistas. As empresas locais de entretenimento têm experiência em navegar entre os regulamentos e a censura.

O regulador orientou as autoridades a “realizar monitoramento em tempo real” nas contas das celebridades.

As regras da Administração do Ciberespaço da China combinam com os esforços dos reguladores de cinema do país, para assumirem maior controlo sobre o conteúdo visto nos cinemas.

Este mês, a Administração de Filmes da China emitiu um novo conjunto de diretrizes para melhorar a qualidade dos filmes produzidos localmente, aumentar a sua audiência e focar o conteúdo em tópicos como a história da China, o socialismo e o período de reforma e abertura do país.