O anúncio foi feito na sede do grupo LeYa, em Alfragide, no concelho da Amadora, depois de dois dias de reuniões do júri ao qual presidiu Manuel Alegre, que destacou o "forte pendor autobiográfico" da obra.

Além do escritor Manuel Alegre, o júri da edição deste ano foi constituído pela poetisa angolana Ana Paula Tavares, pela jornalista portuguesa Isabel Lucas, pelo professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira, pelo professor de Letras e ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo Lourenço do Rosário, pelo escritor Nuno Júdice e pelo editor, jornalista e tradutor brasileiro Paulo Werneck.

Manuel Alegre referiu que “o tema é a educação de um jovem, nem sempre em contexto fácil, e joga entre o pícaro e o trágico, equilíbrio que se mantém desde o início, quando o narrador evoca o fascínio que sobre ele exerce, aos 5 anos, a trupe que vai montar o espetáculo de uma tourada, até à evocação de personagens que ganham uma força mítica como o coveiro ou o faquir sertanejo”.

Alegre destacou “a forma como se organiza a estrutura romanesca e a limpidez da narrativa que permite seguir um mundo de histórias, e obriga a seguir a leitura como se [se ouvisse] a voz e as vozes que por ela perpassam”.

Sobre o autor, Alegre afirmou que é um “matemático eminente”, o que “indicia que este livro tem um forte pendor autobiográfico”.

Manuel Alegre disse que o distinguido ficou surpreendido e reagiu com “puxa, puxa, puxa”.

Celso José da Costa, de 73 anos, é matemático, natural do Estado do Paraná, no Brasil.

A esta edição concorreram 218 originais, oriundos de Portugal, Alemanha, Brasil, Espanha, Holanda, Inglaterra, Japão, Moçambique e Polónia.

Com o valor de 50 mil euros, o Prémio LeYa é o maior prémio literário para romances inéditos em língua portuguesa, podendo concorrer autores sob pseudónimo.

Ao longo de todo o processo de leitura e avaliação, a autoria dos romances é desconhecida. O nome do autor do romance vencedor, selado em sobrescrito, apenas é conhecido depois de tomada a decisão do júri, explica o grupo editorial, que patrocina o prémio.

O Grupo LeYa não adiantou a data de publicação da obra.

O Prémio LeYa foi atribuído pela primeira vez em 2008, ao romance "O Rastro do Jaguar", do escritor brasileiro Murilo Carvalho, e já distinguiu dez autores.

Em 2010, 2016 e em 2019 o júri não atribuiu o galardão, justificando “falta de qualidade” das obras candidatas, e em 2020 foi suspenso por causa da pandemia.

No ano passado, o vencedor foi José Carlos de Barros, com a obra “As Pessoas Invisíveis”.

Gabriela Ruivo Trindade foi a única mulher até agora distinguida, com o romance “Uma Outra Voz”, em 2013.