Acumulando a pasta da Cultura desde maio de 2024, mês em que o anterior detentor, o vereador Diogo Moura (CDS-PP), se demitiu após acusações de fraude em processo eleitoral do seu partido, Carlos Moedas orgulha-se de "ter feito e consolidado apostas em várias áreas, como cinema, museus ou teatro".

Apesar de Diogo Moura ter regressado à CML em janeiro deste ano, foi direcionado para outros pelouros, o que manteve o autarca diretamente ligado a uma área estratégica para fazer de Lisboa "uma capital de inovação, cultura e arte".

Em entrevista telefónica ao SAPO Mag, Moedas destaca o "aumento enorme" do orçamento para o setor em 2025. Um acréscimo de 23% face a 2024, precisa: de 52 para 64 milhões de euros. "Temos três teatros no Parque Mayer [Teatro Maria Vitória, Cineteatro Capitólio e Teatro Variedades, este reaberto no ano passado]", aponta, sublinhando ainda a continuação do programa "Um Teatro em Cada Bairro".

Julião Sarmento: Retrospectiva no Museu de Serralves
Julião Sarmento: Retrospectiva no Museu de Serralves O artista plástico Julião Sarmento créditos: Lusa

O Presidente da Câmara de Lisboa também realça novidades como o Pavilhão Julião Sarmento, na Avenida da Índia, cuja abertura foi inicialmente agendada para novembro do ano passado mas está confirmada para 4 de junho. "O artista ofereceu-nos esta coleção que tem obras de Marina Abramovic ou Rui Chafes", descreve, referindo-se a um espólio vasto (mais de 1200 trabalhos) conseguido através de um protocolo assinado entre Sarmento (falecido em 2021) e a CML em 2017, durante o mandato de Fernando Medina. O autarca sublinha ao SAPO Mag que o espaço com a curadoria de Isabel Carlos será de entrada livre entre os dias 5 e 8 de junho.

Também a inaugurar no próximo mês, igualmente em Belém, a Galeria Avenida da Índia vai concentrar a coleção de arte contemporânea da CML. "Comprámos 150 mil euros de obras de arte na ARCO Lisboa que não estavam expostas", assinala Moedas, que refere ainda o MAAT ou a Cordoaria Nacional como outros polos decisivos para tornar Lisboa "um cluster de arte moderna e contemporânea, da Baixa a Belém".

Museu da Marioneta dá vida a cem peças das reservas para contar as suas muitas histórias
Museu da Marioneta dá vida a cem peças das reservas para contar as suas muitas histórias Museu da Marioneta créditos: Lusa

Junho também traz a reabertura do Museu da Marioneta, encerrado para obras desde dezembro de 2024. O equipamento situado na Rua da Esperança volta a abrir portas com salas reestruturadas e peças substituídas. O Presidente da Câmara diz que o público poderá contar ainda com o reforço do acervo, novas exposições e dias de entrada livre.

Já em agosto, entre os dias 28 e 30, chegará ao Cinema São Jorge a primeira edição do Mock Fest'25, Festival Internacional de Comédia. "Um evento bastante importante", nota o autarca, "uma vez que não havia nenhum nesta área". "Juntámos esforços internacionais e nossos", recorda, salientando a presença do escocês Daniel Sloss ou do português Ricardo Araújo Pereira. E também de Guilherme Geirinhas, humorista fulcral para a concretização da iniciativa, frisa. "A ideia veio dele e da equipa dele, não tenho nenhum crédito pessoal", esclarece entre risos.

Tribeca Festival Lisboa
Tribeca Festival Lisboa Tribeca Festival Lisboa créditos: Gonçalo Sá

As salas do São Jorge também têm acolhido festivais dedicados à sétima arte apoiados pela CML, "como o IndieLisboa ou o DocLisboa", refere Moedas. Já o Tribeca Festival Lisboa, que se estreou entre outubro e novembro do ano passado, decorreu na Unicorn Factory, no Beato, e é encarado pelo autarca como outro passo importante no apoio ao cinema.

Questionado pelo SAPO Mag sobre como respondia às críticas de que a primeira edição foi alvo, nomeadamente quanto ao preço dos passes diários (75 euros), o presidente da Câmara ressalva que essa decisão não é da responsabilidade do seu pelouro. E lembra que a sua ação envolveu a comunidade académica, convidando estudantes em atividades como workshops ou masterclasses (a Universidade Lusófona foi uma das parceiras do evento). "Sempre que fazemos algo novo, estamos sujeitos a críticas", responde. Moedas opta antes por valorizar a ligação da cidade e de jovens produtores e realizadores portugueses a uma produtora como Jane Rosenthal, cofundadora da Tribeca Enterprises e "uma das figuras do cinema mais importantes a nível mundial" - na sua ótica, uma das grandes conquistas da edição lisboeta do festival.

Noutros âmbitos, o autarca assinala ainda ter encontrado espaços para entidades artísticas de referência como a Academia de Amadores de Música ou os Artistas Unidos. "Andei pessoalmente à procura de sítio para eles", conta, garantindo ter encontrado soluções para dilemas que se prolongaram durante meses.

"Lisboa tornou-se um polo de atração de cultura e eventos, cinema, teatro, dança, importantíssimo para o projeto de cidade", entende. "Temos de fazer mais, claro, mas fizemos muito e isso é reconhecido pela atratividade da cidade."