Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República reagiu com um sentimento “de perda” à notícia da morte do fadista Carlos do Carmo, que recordou como “uma grande figura da cultura” e também como “um grande homem”.

Em declarações à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter recebido esta notícia com uma reação idêntica “à de todos os portugueses”, “uma reação de perda”.

“Perda por aquilo que Carlos do Carmo fez pela consagração do fado como património imaterial da Humanidade, mas também pelo que deu como voz de Portugal cá dentro e lá fora junto das comunidades portuguesas, prestigiando não apenas o fado, mas a nossa cultura”, destacou.

O chefe de Estado realçou ainda que Carlos do Carmo foi “uma voz” na luta pela liberdade nos tempos da ditadura e na transição para a democracia.

“Por detrás de uma grande figura da cultura estava um grande homem, com uma grande riqueza pessoal, uma sensibilidade e uma intuição e identificação com o povo português que o povo português não esquece”, acrescentou.

O Presidente da República considerou que a morte de Carlos do Carmo, no primeiro dia de 2021, “um dia que devia ser de esperança”, não pode ser encarada “com desesperança”, mas como uma homenagem a alguém que “nunca perdia a esperança”.

António Costa

O primeiro-ministro, António Costa, evocou com saudade Carlos do Carmo, recordando-o como “notável fadista” e “um grande amigo”.

“Fazendo eco das palavras que cantou no ‘Fado da Saudade’: ‘Mas com um nó de saudade, na garganta/ Escuto um fado que se entoa, à despedida’ de um grande amigo”, escreveu o primeiro-ministro, numa publicação na rede social Twitter.

António Costa sublinhou que Carlos do Carmo “não era só um notável fadista, que o público, a crítica e um Grammy consagraram”.

“Um dos seus maiores contributos para a cultura portuguesa foi a forma como militantemente renovou o fado e o preparou para o futuro”, evocou.

Ferro Rodrigues

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, manifestou o seu pesar pela morte do fadista Carlos do Carmo, que recordou como “um nome ímpar” do fado e como “figura relevante” na luta pela liberdade.

Numa mensagem de pesar, a segunda figura do Estado recordou também um “amigo de mais de 60 anos” e a personalidade marcante de Carlos do Carmo, “que não deixava indiferente quem com ele convivia”.

“Carlos do Carmo é, inquestionavelmente, um nome ímpar do fado e figura incontornável do meio artístico e da canção portuguesa, numa carreira de décadas que perdurará na memória de todos nós”, refere.

O presidente da Assembleia da República destacou o seu papel relevante “na luta pela Liberdade e na construção do país de Abril, em que tanto se empenhou”.

“Hoje é um dia de grande tristeza pessoal. À família, nomeadamente à mulher Judite e aos filhos e netos, e aos muitos amigos, quero transmitir, em meu nome e em nome da Assembleia da República, a expressão do mais sentido pesar pelo falecimento de Carlos do Carmo”, refere a nota.

Graça Fonseca

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, recordou hoje Carlos do Carmo como "uma das maiores referências da interpretação do fado, que mostrou sempre uma especial preocupação com a divulgação desta forma de música".

Fernando Tordo

O cantor e compositor Fernando Tordo considera que desapareceu "o mais jovem de todos os fadistas" com quem manteve 50 anos de amizade.

"Com este infeliz acontecimento desaparece o grande responsável pela transformação, pela modificação da autoria e da composição para fado", disse Fernando Tordo à agência Lusa.

Para Fernando Tordo, Carlos do Carmo - para quem compôs a primeiro tema em 1970 - desde o início "procurou, junto daqueles que na altura eram os mais jovens compositores portugueses, a transformação".

"Hoje desaparece essa pessoa, que terá sido o mais jovem de todos os fadistas. É uma perda muito grande", disse.

Tordo que, segundo disse, por "contingências da vida", não tinha contacto com Carlos do Carmo há alguns anos, endereçou condolências à família do fadista, adiantando que a sua morte lhe trouxe "imediatamente à memória 50 anos de amizade".

Sérgio Godinho

Carlos do Carmo teve um papel "absolutamente fulcral" dentro e fora do fado, afirmou hoje à agência Lusa o músico e compositor Sérgio Godinho.

"Sempre achei que, ao mesmo tempo que é 'fadista de gema', ele é mais do que isso, é um cantor. Não é um fadista característico, como o [Alfredo] Marceneiro, é alguém com outro tipo de formação e que renovou dentro do fado e tem um papel absolutamente fulcral", afirmou.

Sérgio Godinho lamentou a morte de Carlos do Carmo - "alguém que eu sempre, sempre, sempre estimei muito" -, recordando algumas das ocasiões em que ambos se cruzaram profissionalmente.

Mariza

A fadista Mariza recordou Carlos do Carmo como "um bom amigo, homem generoso, inteligente, observador, muito curioso, e que gostava de partilhar".

A fadista, em declarações à agência Lusa, recordou o apoio de Carlos do Carmo à sua carreira, afirmando que tinha sido seu "mestre sem o saber", logo no início do seu percurso.

"Ele chamava-me para junto do seu abraço", disse a fadista, que se encontra atualmente no Brasil.

Mariza, que partilhou vários palcos com Carlos do Carmo, nomeadamente o do Royal Albert Hall, em Londres, disse à agência Lusa que o fadista "teria a ideia de deixar, para o fado, pessoas bem preparadas, com conhecimento musical".

Mariza realçou "as escolhas inteligentes" de Carlos do Carmo ao longo da sua carreira de mais de 50 anos, e o cuidado no repertório.

Simone de Oliveira

A cantora Simone de Oliveira realçou a carreira internacional do fadista Carlos do Carmo, e a dimensão que atingiu, da qual "os portugueses não têm noção".

Amiga do fadista, Simone recordou que foi Carlos do Carmo o responsável por ter voltado a cantar, depois de ter perdido a voz, em finais da década de 1960, após a sua vitória no Festival RTP da Canção, em 1969, com "Desfolhada Portuguesa".

"Eu era locutora de continuidade no Casino da Figueira [da Foz] e apresentava os meus colegas e amigos, e um dia apresentei o Carlos [do Carmo], e fui lá para trás sossegada, até que de repente ele chamou-me: 'Ó Simone, chega aqui'. Pensei que me tinha esquecido de algo, mas não. Ele deu-me o braço e pediu à orquestra para tocar dois tons abaixo a canção 'The Shadow of your Smile', que cantámos juntos e foi assim. Aprendi a cantar com outra voz", contou Simone de Oliveira à agência Lusa.

Simone disse que "Carlos do Carmo era absolutamente um homem do espetáculo, do 'showbiz'".

Universal Music

do Carmo "deixa um enorme legado que marcou profundamente o Fado", afirma em comunicado a discográfica Universal Music, na qual o fadista gravou durante grande parte da sua carreira.

"O fadista, Senhor de um dom inigualável, Carlos do Carmo deu vida às palavras como ninguém. Muitas vezes visionário, nunca abdicou de levar o Fado para outras dimensões, de lhe introduzir novos instrumentos, de evangelizar novos poetas, de manter o nível", lê-se no mesmo comunicado.

A discográfica refere que Carlos do Carmo se preparava "para editar o seu novo álbum de estúdio, mesmo depois de ter dito adeus aos palcos, há cerca de um ano, quando havia completado 80 anos".

Rui Rio

O presidente do PSD, Rui Rio, recordou hoje Carlos do Carmo como “um grande vulto da música portuguesa”, e considerou que “a sua obra não morreu, nem nunca morrerá”.

“A minha justa homenagem a Carlos do Carmo, um grande vulto da música portuguesa. A sua obra não morreu, nem nunca morrerá”, escreveu Rui Rio, numa publicação na rede social Twitter.

Fernando Medina

O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, evocou a memória de Carlos do Carmo, definindo o fadista como "a voz" da cidade, que "não o esquecerá".

Numa publicação nas redes sociais, o autarca começa por dizer que "2021 amanhece triste com a partida de Carlos do Carmo", antes de declarar que o fadista "fez de Lisboa menina e moça para o mundo inteiro ouvir".

E concretiza: "Foi a voz da cidade e esta não o esquecerá".

Para Fernando Medina, "desaparece o homem, mas a voz e as canções" de Carlos do Carmo ficam.

"Carlos do Carmo permanecerá em todos nós sempre que alguém entoar as ‘Canoas do Tejo’ ou em qualquer rua ou viela de Alfama alguém assobiar ‘Os Putos’. Sim, Carlos do Carmo será sempre ‘O Homem (da) na Cidade’", concretiza.

Rui Vieira Nery

Carlos do Carmo "foi a maior força renovadora do fado, depois de Amália Rodrigues (1920-1999)", disse hoje o musicólogo Rui Vieira Nery.

Rui Vieira Nery, autor de "Para uma História do Fado", em declarações à agência Lusa, afirmou que "quase todos os momentos de renovação do fado, nos últimos 50 anos, tiveram alguma ligação com Carlos do Carmo".

Vieira Nery referiu "os grandes poetas e compositores de outras áreas que Carlos do Carmo trouxe para o fado" e "as pontes que estabeleceu entre o fado e outros géneros musicais".

Rui Vieira Nery, que era amigo do fadista, sublinhou "o apoio e encorajamento de Carlos do Carmo aos novos fadistas".

António Chaínho

O guitarrista António Chaínho recordou "um grande profissional".

O músico salientou "o bom gosto musical" do fadista e "o cuidado com a escolha de repertório".

Chaínho, em declarações à agência Lusa, referiu o gosto que o fadista tinha pelo cantor norte-americano Frank Sinatra, "cuja atitude em palco seguia de certa forma".

António Chaínho contou que recentemente tinha falado com Carlos do Carmo. "Tenho o coração todo partido", afirmou.

Stereossauro

O DJ e produtor Stereossauro recordou a “tarde memorável” que passou com o fadista Carlos do Carmo a gravar uma nova versão de “O Cacilheiro”, para um álbum que misturou fado, eletrónica e hip-hop.

A nova versão de “O Cacilheiro”, tema incluído no álbum “Homem na Cidade”, de 1977, composto por Paulo de Carvalho e escrito por Ary dos Santos, foi uma das últimas colaborações de Carlos do Carmo, que morreu hoje, em Lisboa, aos 81 anos.

Sara Pereira, diretora do Museu do Fado

A diretora do Museu do Fado, Sara Pereira, realçou a "ligação importantíssima e estreita" que Carlos do Carmo.

Carlos do Carmo "foi a voz de Lisboa, a voz da cultura portuguesa", disse à agência Lusa Sara Pereira, recordando "a estreita colaboração e a sua disponibilidade" para desenvolver iniciativas no museu.

Maria João Pires

A pianista Maria João Pires recordou o fadista Carlos do Carmo como "um homem de grande dignidade e de grande cultura".

"Carlos do Carmo fica na minha memória como um artista verdadeiro, um homem de grande dignidade e de grande cultura... Vai-nos fazer falta a todos e deixar no nosso coração uma enorme saudade", escreveu Maria João Pires na rede social Instagram.

Sociedade Portuguesa de Autores

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) recorda "a qualidade excecional" da obra e do "empenho cívico" de Carlos do Carmo.

Associado da SPA desde 29 de setembro de 1997, Carlos do Carmo foi distinguido pela cooperativa com o Prémio de Consagração de Carreira em maio de 2001 e recebeu a Medalha de Honra durante a celebração do Dia do Autor Português, a 22 de maio de 2015.

A cooperativa, que traça o percurso artístico de Carlos do Carmo, destaca os álbuns "Um Homem na Cidade" e "Um Homem no País", com textos de José Carlos Ary dos Santos (1937-1984), como "essenciais para a renovação do fado e para a consolidação da sua brilhante carreira nacional e internacional que o levou a atuar em grandes salas por todo mundo".

"Foi um cantor que sempre respeitou a obra dos poetas, de Vasco Graça Moura e Herberto Helder, passando por muitos outros", realça a SPA.

A organização lembra ainda que Carlos do Carmo "foi uma figura central na criação do Museu do Fado e na candidatura do fado a património imaterial da humanidade".

O fadista "foi sempre um homem comprometido com a luta pela liberdade e pela cidadania, reafirmando a sua crença religiosa, e assumindo publicamente a proximidade política com o PCP depois do 25 de Abril de 1974", escreve a SPA.

Nuno Júdice

O ensaísta e poeta Nuno Júdice, autor de dois poemas cantados por Carlos do Carmo, que morreu hoje aos 81 anos, destacou o “respeito absoluto” que o fadista tinha “pela poesia, pela língua e pela tradição, o Fado”.

Nuno Júdice, autor de “Fado à Noite” e “Lisboa Oxalá”, temas incluídos no álbum “À Noite”, de Carlos do Carmo, editado em 2008, fala num “respeito absoluto” que o fadista tinha “pela poesia, pela língua e, depois, pela tradição, o Fado”. “Ele foi buscar essas formas tradicionais do fado português e foi capaz de as renovar e atualizar de uma maneira perfeita”, afirmou, em declarações à Lusa.

Nuno Júdice recordou um “amigo”, cujas “conversas eram sempre fascinantes”. “Tinha atrás dele toda a história do Fado, mas ao mesmo tempo era um homem que olhava para o presente e muito atento à realidade do país e do mundo”, afirmou.

Enquanto artista, cantor, o que fascinava o poeta “era a forma como [Carlos do Carmo] dizia o poema”.

“Ele próprio, quando me pediu para escrever dois fados para ele, me disse para ter muita atenção à palavra, porque a voz dele respeitava integralmente cada sílaba. Nós ouvimos, quando ele canta, toda a frase poética que está na canção”, disse.

Fundação José Saramago

A Fundação José Saramago recupera uma declaração do Nobel da Literatura sobre Carlos do Carmo, na qual destaca a "elegância moral" do fadista, para o recordar no dia em que o cantor morreu, em Lisboa.

"Há sempre alguma coisa de profundamente elegante no Carlos do Carmo”, disse José Saramago, num depoimento filmado que a sua fundação hoje recupera para as redes sociais. "Uma elegância que não é só física, é também moral", uma elegância que era também algo "de novo", e que era "a voz do Carlos do Carmo", conclui o escritor, no depoimento de cerca de um minuto hoje recordado.

Associação portuguesa dos amigos do Fado

Carlos do Carmo deixa um "legado inspirador para os novos fadistas, nomeadamente pelo seu cuidado na escolha de autores", disse a presidente da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, Julieta Estrela.

"Homem de grande cultura e vivência fadista, Carlos do Carmo marcou gerações e definiu um perfil artístico pautado por um grande cuidado na escolha de repertório", afirmou.

Presidente da Federação Portuguesa de Futebol

presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) manifestou “enorme consternação” pela morte do fadista Carlos do Carmo, que morreu hoje aos 81 anos, perda que deixa “todos mais pobres”.

Citado numa nota da FPF, publicada no sítio oficial da federação na Internet, Gomes afirmou que o nome do fadista “confundia-se com o fado”, depois de se ter afirmado “como uma referência da música e da cultura não apenas portuguesa mas também internacional” ao longo de mais de cinco décadas.

“Carlos do Carmo muito contribuiu para que o fado se tornasse património imaterial da Humanidade, levando com a sua voz inconfundível o fado aos quatro cantos do mundo. Esta perda torna-nos a todos mais pobres, mas a sua memória perdurará no tempo”, pode ler-se na nota do dirigente federativo.