Em declarações à agência Lusa, o maestro Cesário Costa afirmou que esta série de concertos é “um desafio”, na medida em que Camané não vai interpretar o repertório tradicional a que uma orquestra está habituada.
Camané sobe ao palco do S. Luiz, na quinta-feira à noite, com a OML e o Coro Ricercare, num espetáculo que inclui, entre outros temas, “Sopram ventos adversos” (Manuela de Freitas/José Mário Branco) e “A correr” (M. de Freitas/Alain Oulman).
O concerto volta à sala lisboeta na sexta-feira e sábado à noite, e no domingo à tarde. Além de fados, Camané vai interpretar também tangos, designadmente, “El dia que me quieres” e “La ultima curda”.
Além de temas acompanhado pela OML, Camané irá também interpretar fados acompanhado apenas pelo seu tradicional trio de cordas - guitarra portuguesa, viola e contrabaixo –, designadamente “Saudades trago comigo” e “Quadras”, sendo ainda acompanhado só ao piano por Filipe Raposo, responsável pelas orquestrações.
Daniel Schvetz é outros dos responsáveis por alguns dos arranjos para orquestra e piano, designadamente dos tangos que Camané vai interpretar.
O alinhamento inclui fados tradicionais como os fados Cravo, das Horas, Alfacinha, Isabel, Alexandrino Antigo ou Mouraria, para poemas de Manuela de Freitas, David Mourão-Ferreira, António Calém ou João Ferreira-Rosa.
“Temos de encontrar uma sonoridade nova que possa juntar aquilo que são as características do fado à sonoridade de uma orquestra, é este equilíbrio que é preciso encontrar”, disse Cesário Costa.
Para o maestro, “o mais importante é manter a simplicidade que esta música [o fado] tem e a orquestra, com aquilo que possa complementar, tem de ajudar a manter essa simplicidade, naturalmente acrescentando elementos novos, o que é uma experiência enriquecedora para todos os que vão fazer este concerto”.
Camané, realçou o maestro, é um “intérprete de exceção”, “alguém que tem características como intérprete que o tornam um cantor extraordinário”.
Além dos músicos da OML e dos elementos do coro, acompanham o fadista José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola, Paulo Paz, no contrabaixo, Pedro Santos, no acordeão, e Filipe Raposo, ao piano.
Camané, já distinguido com três Prémios Amália, venceu por duas vezes a Grande Noite do Fado de Lisboa, em juniores e seniores, e, ao longo do seu percurso, passou por várias casas de fado, nomeadamente, o restaurante Senhor Vinho, da fadista Maria da Fé e do poeta José Luís Gordo.
No teatro fez parte dos elencos de "Grande Noite", "Maldita Cocaína" e "Cabaret", sempre dirigido por Filipe la Féria. Em 2002, participou num espetáculo com Manuela de Freitas, em torno da obra do poeta Fernando Pessoa, que foi apresentado no Palais des Beauxs Arts, em Bruxelas.
A partir de 1995, quando editou o CD “Uma noite de fados”, os álbuns do fadista foram sempre produzidos pelo músico José Mário Branco. Desde então, conta já seis álbuns de estúdio, além dos registos ao vivo, como “Camané ao vivo no Coliseu” (2009), e das compilações, entre as quais “The art of Camané – The prince of fado” (2004).
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