A nomeação do atual diretor do setor das artes visuais da Bienal de Veneza e diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP), no Brasil, foi decidida hoje durante uma reunião do conselho de administração.

Adriano Pedrosa – que será o primeiro curador latino-americano deste evento internacional - foi anteriormente curador adjunto da 24.ª Bienal de Arte de São Paulo (1998), curador de exposições e coleções no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte (2000-2003), e cocurador da 27.ª Bienal de São Paulo (2006).

A anterior cocuradoria da 12.ª Bienal de Istambul (2011), na Turquia, e do pavilhão de São Paulo na 9.ª Bienal de Arte de Xangai (2012), na China, também estão no seu currículo.

No MASP, Pedrosa fez a curadoria de várias exposições, incluindo as individuais dedicadas à obra de artistas como Tarsila do Amaral, Anna Bella Geiger, Ione Saldanha, Maria Auxiliadora, Gertrudes Altschul, Beatriz Milhazes, Wanda Pimentel e Hélio Oiticica.

Organizou igualmente uma série de exposições sobre narrativas temáticas: “Histórias da Infância” (2016), “Histórias da Sexualidade” (2017), “Histórias Afro-atlânticas” (2018), “Histórias de Mulheres, Histórias Feministas” (2019), “Histórias da Dança” (2020) e “Histórias Brasileiras” (2022).

Acolheu ainda, no MASP, no primeiro trimestre de 2020, a exposição "Joints, voids and gaps" ("Junções, vazios e intervalos"), da portuguesa Leonor Antunes, uma mostra mais tarde levada ao Museu de Arte Moderna do Luxemburgo (MUDAM), e para a qual Pedrosa co-organizou o catálogo, com a curadora Amanda Carneiro. Leonor Antunes representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza 2019.

Adriano Pedrosa recebeu recentemente o Prémio Audrey Irmas de Curadoria de Excelência, atribuído pelo Centre for Curatorial Studies, do Bard College, Nova Iorque.

Formado em Direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Adriano Pedrosa é mestre em Arte e Crítica pelo Instituto das Artes da Califórnia, nos Estados Unidos, e colabora com várias publicações da especialidade, nomeadamente a Artforum (Nova Iorque), Art Nexus (Bogotá), Exit (Madrid), Flash Art (Milão), Frieze (Londres), Manifesta Journal (Amsterdão), entre outras.

No anúncio, o presidente da Bienal de Veneza, Roberto Cicutto, justificou a escolha do curador como resultado da linha de trabalho com a anterior curadora, Cecilia Alemani, que dirigiu “The Milk of Dreams”, anterior edição, encerrada em novembro, onde a pintora portuguesa Paula Rego esteve em destaque.

Adriano Pedrosa “é conhecido pela sua competência e originalidade, tendo mostrado nas exposições que organizou uma visão aberta à contemporaneidade, colocando-se num ponto de observação do mundo que não esquece a natureza das suas origens”, comentou o presidente da Bienal.

“Cada vez mais, a Bienal de Veneza não quer apresentar um catálogo do que existe na arte, mas dar forma a contradições e diálogos, sem os quais esta área permaneceria um enclave vazio da sua força vital”, sublinhou.

Por seu turno, também citado no comunicado da organização, Adriano Pedrosa disse estar “honrado com o prestigioso convite, especialmente por ser o primeiro latino-americano a ser designado para curador da Exposição Internacional da Bienal de Veneza”.

Na opinião do curador brasileiro, a missão que lhe foi confiada “é um desafio emocionante e uma responsabilidade”, e ainda uma “oportunidade única” de convidar artistas a realizar os seus projetos neste evento internacional de arte contemporânea.

A 60.ª Exposição internacional de Arte da Bienal de Veneza vai decorrer entre 20 de abril e 24 de novembro de 2024, com a pré-abertura a partir de 18 de abril desse ano.