“É uma ‘Aurora Negra’ de partilha acima de tudo, onde estes três corpos partilham algumas das suas histórias e algumas das suas experiências. Também fazemos referência a experiências e mencionamos mulheres que são referência para nós, na nossa jornada enquanto mulheres, cidadãs, artistas”, disse Isabél Zuua à agência Lusa.

Este espetáculo é uma criação das três artistas em palco, que são também as dramaturgas e que partilham igualmente em cena “histórias das mães” de cada uma delas ou de “rainhas africanas”.

“Quisemos também brincar com o que é ficção e realidade e, às vezes, histórias que são da Cleo e da Nádia são ditas por mim e vice-versa. Nós brincamos com o objeto artístico, com a realidade, com a metalinguagem, não são só dados reais que nos movem”, declarou Isabél Zuua, portuguesa com origens na Guiné-Bissau e em Angola.

Já Nádia Iracema, nascida em Luanda, em Angola, mas fez a sua formação em Portugal na área do Teatro, paralelamente ao curso de Direito, afirmou que “estas narrativas levadas a palco têm a ver com as experiências e vivências” de cada uma delas com a diferença de que, desta vez, “são contadas na primeira pessoa”.

“Normalmente, a história é contada pelos outros sobre os nossos corpos e, neste caso, temos oportunidade de falar de nós na primeira pessoa, das nossas próprias experiências”, disse, confessando que nunca quiseram estar sozinhas em palco.

“O que nos compõe é muito maior do que nós as três e nós também temos essa perfeita noção, de que essa porta foi aberta por outras mulheres. E termos essa liberdade de hoje estarmos aqui a pensarmos artisticamente a ‘Aurora Negra’ vem de muito antes de nós e queremos também trazer esses nomes que muitas vezes não circulam na comunicação social”, acrescentou Nádia Yracema.

Para Cloe Tavares, que nasceu na Praia, em Cabo Verde, mas cresceu e fez a sua formação em Portugal, esta partilha é uma “inovação, porque é a história a ser contada na primeira pessoa, é ser protagonista da própria história”, dado que, muitas vezes os contratos profissionais que têm são “para fazer papéis através do olhar, da imaginação do outro” sobre os seus próprios corpos.

“É uma partilha dessa 'Aurora' fora de estereótipos, preconceitos, sobre o que é a nossa vivência. Trata-se de uma partilha das nossas histórias que, nos objetos artísticos, muitas vezes, são mencionados e carregados de estereótipos”, assumiram as artistas que se juntam, pela primeira vez, para a criação de um espetáculo.

Este trabalho a três é também “uma viagem com muitas cores” que se propuseram fazer com o “coração aberto para partilhar muitas experiências emocionais, e não só, de muitos lugares”, de onde cada uma tem bebido as suas experiências pessoais e profissionais.

O espetáculo sobe ao palco do Teatro Viriato a partir das 21:30 de sábado, numa única sessão.

“Queremos continuar com esta ‘Aurora [Negra]’, porque achamos pertinente e deve chegar ao máximo de pessoas e, primeiro, queremos levá-la a outros sítios e países. Com certeza, gostávamos muito que isso acontecesse e já estamos a falar com Cabo Verde e São Tomé, mas estamos abertas para ir à Guiné-Bissau, Angola, França, Nova Iorque, Brasil, Alemanha, onde as pessoas quiserem partilhar esta nossa experiência”, acrescentaram.

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