“Ascensor de Sombras” é o primeiro trabalho galardoado com o prémio, criado no âmbito da celebração do centenário do nascimento da poeta micaelense, e foi selecionado entre mais de 600 obras candidatas, adiantou à Lusa fonte da Câmara Municipal.

Foi também atribuída a menção honrosa a “Ecocardiodrama”, uma decisão que o júri diz ter tomado “dada a impossibilidade de atribuir um prémio 'ex aequo'”, ou seja, em situação de igualdade de direitos.

“Tendo em conta a consistência e excelência poéticas das duas obras levadas à final, reveladoras de um elevado conhecimento da natureza e da função do ato criador, a cuja alteridade é convidado o estado do mundo, morada do caos, da qual emerge uma poesia-oráculo-lugar de uma síntese não apenas agregadora, mas também salvífica, decidiu o júri atribuir o Prémio Literário Natália Correia à obra ‘Ascensor de Sombras’, de José Pedro Leite”, indicou o júri.

Isto “pelo facto deste livro apresentar uma arte poética que propõe uma reflexão sobre a própria poesia e que inspira um novo começo para humanidade”, escreve o júri.

O Prémio Literário Natália Correia “é aberto a autores de todas as nacionalidades, com obras originais e inéditas, e redigidas na língua portuguesa", e terá uma "periodicidade anual e uma alternância também anual entre a produção poética e o domínio da narrativa, ou seja, o romance e o conto", explicou a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Maria José Lemos Duarte, na altura da sua apresentação, em janeiro.

Este primeiro ano foi dedicado à poesia.

A obra vencedora, selecionada pelos jurados Ângela Almeida, Diniz Borges, Lélia Nunes, Luís Filipe Sarmento e Vera Duarte Pina, será publicada pela autarquia, que oferece a primeira edição de 500 exemplares e um valor pecuniário de 7.500 euros.

José Pedro Leite, de 40 anos, é natural do Porto e licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa.

Tem publicados os livros de poesia "Outros litorais" (2008); "As mãos e o lume" (2009), vencedor do Prémio Políbio Gomes dos Santos; "Respiração vertical" (2011), menção honrosa no Prémio Irene Lisboa, em 2013; "O conhecimento dos vulcões" (2015); “A invenção do verão” (2019); “A construção dos lábios” (2020) e “Escarpas” (2021).

Alberto Pereira, a quem foi atribuída a menção honrosa, tem 51 anos, é licenciado em Enfermagem e é natural de Lisboa.

Tem poemas traduzidos para espanhol, francês e inglês e já foi distinguido com vários prémios literários nacionais e internacionais, destacando-se o Concurso Literário Manuel António Pina – Museu Nacional da Imprensa em 2013 e o Prémio Internacional de Poesia Glória de Sant’Anna, em 2018 e em 2020.

É autor de “O áspero hálito do amanhã” (2008); “Amanhecem nas rugas precipícios” (2011); “Poemas com Alzheimer” (2013); “O Deus que matava poemas” (2015); “Biografia das primeiras coisas” (2016); “Viagem à demência dos pássaros” (2017); “Bairro de Lata” (2017); “Como num naufrágio interior morremos” (2019) e “Neve Interior” (2021).