O projeto “As Três Irmãs”, a partir de Anton Tchekhov, é a primeira obra de Tita Maravilha em nome individual e consiste numa criação que combina a estrutura literária de um clássico, com as ideias de vanguarda da contemporaneidade, explica o TNDM, em comunicado.

Através da recriação da peça do dramaturgo russo, a artista expõe o seu “interesse radical” em interagir nas artes performativas portuguesas e em “repensar e alterar o fluxo da história em diálogo com a identidade de género, cruzando o pensamento crítico com o humor, a arte e a interseccionalidade”.

“Nesta versão de ‘As Três Irmãs’ criarei uma deliciosa trama sobre irmãs de sangue que se descobrem pessoas trans e não binárias no mesmo percurso em que se tentam inserir na sociedade. Quero sobrepor a trama original a um tema que grita por atenção e que pouco tem sido discutido com sabedoria e lugar de fala”, afirma Tita Maravilha.

A artista lembra ainda o momento presente para refletir sobre como o sistema político na Rússia - onde a peça se passa - lida com pessoas LGBTQIA+.

“Aqui interessa o futuro, negociar o futuro da escrita. Penso a escrita num território movediço que nos serve de trampolim para a recriação, reemoção, revolução. Neste momento, tenho um interesse radical em interagir nas artes performativas a partir da minha formação enquanto criadora, em repensar e alterar o fluxo da história”, acrescenta.

O projeto contará com as interpretações de João Abreu, Ivvi Romão e Luan Okun, com assistência de dramaturgia de Keli Freitas, música de Aurora Pinho e Odete, direção de movimento de Jaja Rolim, iluminação de Luisa Labate, cenário e figurinos de Marine Sigout e produção de Maria Tsukamoto.

Licenciada em Artes Cénicas pela Universidade de Brasília, Tita Maravilha vive em Portugal desde dezembro de 2018.

A Bolsa Amélia Rey Colaço é uma iniciativa promovida pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo) e o Teatro Viriato (Viseu).

O prémio para o projeto vencedor da Bolsa Amélia Rey Colaço traduz-se na atribuição de um valor pecuniário de 22.000 euros, com acesso a várias residências artísticas e apresentação do espetáculo nos quatro teatros parceiros.

À edição deste ano concorreram 47 projetos, a partir dos quais foram selecionados seis, que passaram pela fase de entrevista, após a qual foi escolhido o projeto vencedor.

O júri foi composto pelos diretores artísticos do Teatro Viriato, Henrique Amoedo, do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim, d'O Espaço do Tempo, Rui Horta, e do CCVF e Artes Performativas de A Oficina, Rui Torrinha.

Criada em 2018, em homenagem à atriz e encenadora Amélia Rey Colaço, pelo seu papel na História do Teatro Português, a Bolsa Amélia Rey Colaço, atribuída anualmente, visa apoiar jovens artistas e companhias emergentes.