“Somos homens de três décadas. Conhecemo-nos, lutamos numa mesma guerra e separamo-nos. Voltamos a nos encontrarmos e durante uma década fomos indispensáveis um para o outro enquanto lutamos numa outra guerra. Separamo-nos para sempre e, após uma década, estás de regresso”.

A constatação do protagonista Ted Mundy, um falhado em várias áreas e agora convertido em guia turístico num palácio da Baviera, refere-se à misteriosa aparição do “amigo até ao fim” do título - o alemão Sacha.

A relação entre ambos permite a John Le Carré atravessar diversos tempos e espaços, começando no seu teatro familiar da Alemanha das revoluções dos anos 1960 para, ainda passando pelos velhos palcos da espionagem da Guerra Fria, chegar à invasão do Iraque e as suas nunca provadas “armas de destruição maciça”.

Ambos os amigos eram, na verdade, espiões em tempos antigos e, partir deste pressuposto, o escritor britânico junta duas vertentes da sua carreira - os livros de espionagem que o tornaram famoso e os elementos de forte crítica política e social quando teve que adaptar a sua escrita a novos rumos depois da queda do fim da Guerra Fria.

Neste caso específico, no meio da intriga desenvolvida a partir do reencontro dos ex-espiões, o autor carrega as suas baterias contra a América de Bush e a guerra que promoveu contra o Iraque - onde o velho idealismo que, de alguma forma, inspirava o mundo da espionagem aparece completamente destituído de sentido.

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