O Prémio de Música Pedro Osório é “atribuído ao cantor, compositor e músico José Cid, pelo disco ‘Menino Prodígio’, editado em 2015, e também pelo grande êxito da sua carreira em palco e em estúdio”, afirma em comunicado a SPA. O prémio é anunciado na véspera de José Cid completar 74 anos.
O galardão, criado após o falecimento de Pedro Osório, em 2012, “distingue anualmente um nome e uma obra relevantes na vida musical portuguesa”, e tem o valor pecuniário de 2.000 euros.
O álbum “Menino Prodígio” foi editado no dia 6 de abril do ano passado e, em março desse ano, antecipando a apresentação, em declarações à Lusa, José Cid, fundador do Quarteto 1111, em 1967, definiu-o como “roqueiro, de combate e interventivo”.
“É um álbum que entra na área da objeção de consciência, mas levada para o rock, e isso é muito o que o [Quarteto] 1111 fez, com dezenas de canções censuradas pelo regime [de ditadura, anterior ao 25 de Abril de 1974], e uma delas é a ‘Blá!, blá!, blá!’, que inclui neste disco”, disse o músico.
O disco foi gravado ao longo de 2014, nos estúdios da ACid Records, em sistema totalmente analógico, e conta com 13 faixas, sendo 12 canções inéditas, entre as quais “Rock rural”, composta por Cid na década de 1960, que foi gravada ao vivo no Campo Pequeno, em Lisboa, e uma versão de “Don´t wanna miss a thing”, dos Aerosmith.
Das 13 canções, aquela de que José Cid disse gostar mais é “De mentirosos está o mundo cheio”, tendo citado duas outras, que qualificou como “mais ligeiras” - “O andar de Marilyn”, uma homenagem à atriz norte-americana que “enlouqueceu” a geração do músico no filme “Cataratas do Niágara” e, de “cariz autobiográfico”, a que dá título ao álbum, “Menino Prodígio”.
Sobre este tema, Cid afirmou: “O menino-prodígio morreu!/ E o seu epitáfio sou eu…”.
À Lusa o músico explicou: “’Menino Prodígio’ é um termo que fui gerindo ao longo da minha existência, era uma coisa que me chamavam os amigos dos meus pais, quando era pequeno, e eu não percebia. Eu, aos três, quatro anos, já cantava e tocava piano”.
“Achei que era uma boa ideia para um tema, que é um bocadinho autobiográfico”, disse, referindo que o “menino-prodígio” morreu em 1957, quando formou a banda Babies. Dez anos mais tarde, o músico formou o Quarteto 1111, outro dos seus diversos projetos.
“O tema de que mais gosto é ‘De mentirosos está o cemitério cheio’. Sinto que fui muito feliz a escrevê-lo”, disse, referindo, em seguida, que recuperou dois temas de 1971, “Blá! Blá! Blá!” e “Monstros sagrados”.
O Prémio Pedro Osório distinguiu anteriormente Pedro Abrunhosa, Rão Kyao, Jorge Palma e Janita Salomé.
O prémio será entregue “em sessão a realizar na sede da SPA, em data a anunciar”, segundo a cooperativa de autores.
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