Segundo álbum do rapper brasileiro Owerá, "Mbaraeté" foi editado a 19 de agosto e é descrito pelo artista de 21 anos como um disco de "resistência da tradição, da língua nativa, da espiritualidade". "Resistência" é, aliás, a tradução em português do título do disco.

Criado numa parceria com a Natura Musical e coproduzido com Rod Krieger, "Mbaraeté" é o mais recente testemunho de um rap nativo expresso através do Guarani Mbya e de um ritmo que traz batidas embaladas por sons da natureza e instrumentos tradicionais dessa cultura indígena, como o violão, o djembé e o maracá.

"O rap nativo é uma raiz do rap indígena. Nós falamos diretamente da nossa terra, do nosso território, com a nossa língua, que resiste há mais de 500 anos para se manter viva. É uma luta diária que enfrentamos nas nossas terras. O rap nativo nasce daí, desse espaço de luta, mas, também, de celebração da nossa cultura, dos rituais e da nossa tradição", sublinha o artista, citado em comunicado.

As letras em guarani não terão tradução disponível, por isso apenas quem conhece a língua vai saber o que o o autor canta.

Ao longo de dois anos, Owerá e Rod Krieger trabalharam à distância na criação do disco, não só devido à pandemia, mas também porque o rapper vive na Aldeia Krukutu, em São Paulo, e o produtor reside numa aldeia nos arredores de Leiria.

"A luta não é só dos povos indígenas. A luta pela natureza é de todos. Agora chegou a hora das pessoas nos ouvirem. Parceiros como o Rod são pontes que nos ajudam a espalhar a mensagem", assinala Owerá.

Owerá

"Mbaraeté" traz para o primeiro plano a diversidade de povos no Brasil, reunindo as etnias Guarani Mbyá, localizada no sul da cidade São Paulo, Huni Kuin e Tikuna, da Amazónia, Xakriabá, de Minas Gerais, e Guarani Kaiowá, que está numa das regiões mais violentas do país, Mato Grosso do Sul.

Com nove faixas, o álbum é uma viagem "cheia de revolta, dor, mas, também, com muito amor, acolhimento e paz". "Mbaraeté" conta com a colaboração de familiares do rapper: Pará Retê, a sua companheira e parceira musical, Tupã, o seu filho, Olívio Jekupé, o seu pai. O artista também convidou Kelvin Mbarete e Bruno Veron (Brô Mc’s), Célia Xakriabá, Djuena Tikuna, Txana Ibã e OzGuarani.

Antes da edição de "Mbaraeté", Owerá participou no documentário "My Blood Is Red" (Prime Video), ao lado de Criolo e Sônia Guajajara, e lançou o EP "My Blood Is Red" (2017) e o álbum "Todo Dia É Dia de Índio" (2018).