A obra é inspirada numa fotografia do fotojornalista Alfredo Cunha, que desafiou Vhils para a criar, indicou o Município de Castelo de Vide.
A escultura em betão, de “2,5 por 2,5 metros”, num investimento superior a 47 mil euros, vai ser inaugurada no Parque 25 de Abril, junto ao busto de Salgueiro Maia e da conhecida chaimite V200, pelas 15h15, no dia em que se assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos, disse a autarquia.
Contactado hoje pela agência Lusa, o presidente da câmara municipal, António Pita, considerou que a obra de Vhils, do ponto de vista artístico, “vem valorizar” as comemorações do 25 de Abril através da arte.
“Castelo de Vide fica ainda mais orgulhosa por ter esta abordagem artística. Já tínhamos a memória de Salgueiro Maia, mas com um artista deste renome mundial, obviamente que é uma aposta na cultura e na arte”, acrescentou.
Numa nota enviada à Lusa, o município realçou ainda tratar-se de uma obra de “valor inestimável” para o território, elevando a respetiva atratividade.
“O objetivo é expressar a visão única dos dois artistas (Alfredo Cunha e Vhils) através de um diálogo que transcende as fronteiras do tempo, destacando a importância de preservar e reinterpretar as narrativas visuais que moldaram a identidade portuguesa”, lê-se no documento.
A abordagem de Vhils transporta a obra fotográfica de Alfredo Cunha para o presente e, para o município, gerar “uma peça intemporal” que se torna “um ponto de referência” na paisagem daquela vila alentejana.
“Por meio da expressão artística e da fotografia, o projeto visa estabelecer um ambiente propício para a reflexão e a celebração da liberdade, incentivando o público a imergir na narrativa histórica e na essência da Revolução de Abril”, frisou a autarquia.
Em 01 de julho de 2021, foi também inaugurada naquela vila alentejana pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Casa da Cidadania Salgueiro Maia, resultante de um investimento de três milhões de euros.
O espaço acolhe várias peças de Salgueiro Maia, entre as quais o conhecido megafone com que, em 25 de abril de 1974, no Largo do Carmo, o então capitão intimou Marcello Caetano a render-se.
O espaço museológico exibe também o uniforme e o ‘quico’ militar que envergava nesse dia, entre outros uniformes, divisas, flâmulas, estandartes e pendões, insígnias, diplomas e louvores, documentos militares e fichas escolares pertencentes a Salgueiro Maia.
Uma área com cartazes e fotografias e uma coleção de miniaturas de carros de combate, a especialidade do militar como oficial de cavalaria e a sua grande paixão profissional, são outras das valências.
Na Revolução dos Cravos, Fernando Salgueiro Maia (1944-1992) foi o comandante da coluna militar da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, que ocupou a Praça do Comércio e cercou o Quartel do Carmo, em Lisboa, levando à rendição do então presidente do Conselho, Marcello Caetano, e à definitiva queda da ditadura do Estado Novo.
Natural de Castelo de Vide, o capitão de Abril expressou duas vontades em testamento, que foram cumpridas: ser sepultado naquela vila, em campa rasa, e deixar o seu espólio ao município para que fosse objeto de musealização.
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