Portugal ultrapassou, em 23 de março, em número de dias vividos em democracia, o tempo passado sob o jugo da ditadura.

“Celebrando, comprometendo-se com a memória e procurando compreender os diferentes modos de contar a História”, o teatro delineou um programa, no qual se destacam três espetáculos específicos deste contexto: “Fraternité, Conte fantastique”, estreia em Portugal da dramaturga, encenadora e realizadora francesa Caroline Guiela Nguyen; “Memórias de uma Falsificadora”, com encenação de Joaquim Horta, a partir do livro de Margarida Tengarrinha; e “Luca Argel – Samba de Guerrilha em Cena”, com Nádia Yracema e António Jorge Gonçalves.

O programa, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa, estende-se também à exposição “48 Memórias”, que olha os momentos em que a história do São Luiz se “cruzou com a história política e com a visão que o regime tinha, e permitia que se tivesse, da cultura”.

Durante duas semanas haverá ainda lugar para debates, conferências e entrevistas, com intervenção de dezenas de participantes que “refletem sobre questões relevantes e importantes de debater no país que nasceu da revolução e que se projeta para um futuro onde a democracia não deve ser dada por adquirida”, lê-se no comunicado.

A sessão de abertura será marcada por uma conferência com Sérgio Carvalho, dedicada ao tema “Teatro: lugar político e de políticas”.

O programa inclui também uma mesa-redonda com Christine Zurbach, Francesca Rayner, Graça dos Santos, Maria do Carmo Piçarra e Nuno Moura, que vão discutir “modos de censura e resistência”.

No dia 23, está marcado um encontro entre o bibliófilo Alberto Manguel, diretor do Espaço Atlântida – Centro de Estudos de História da Leitura/EGEAC, e a escritora canadiana Margaret Atwood, que tem desenvolvido uma obra onde a censura e opressão, os regimes opressivos, as identidades sexuais, a construção da sociedade e as alterações climáticas ocupam um espaço central.

Segundo a organização, este encontro inaugura um ciclo de conferências do Espaço Atlântida – Centro de Estudos de História da Leitura intitulado “Conversas de Lisboa”.

“A história que vamos continuar a escrever” é o tema de um ciclo de encontros e conferências que procura lançar questões e problematizar matérias, fazendo balanços sobre dimensões sociais, políticas, económicas, históricas e culturais, estruturantes no modo como o país deve ser pensado.

“Fantasmas: a imaginação sob influência”, com Margarida Medeiros, Paulo Pires do Vale e Victor Barros, “Ética e Economia”, com Nuno Aguiar, Ricardo Paes Mamede e Susana Peralta, “Repressão, Ideologia e Ordem”, com Irene Flunser Pimentel, Nuno Gonçalo Poças e Ricardo Cabral Fernandes, e “Democracia: património de quem?”, com Francisco Mendes da Silva, Isabel Moreira e João Marecos, são as conferências integradas nesse ciclo.

Os bilhetes para os espetáculos “Fraternité, Conte fantastique”, “Memórias de uma Falsificadora” e “Luca Argel – Samba de Guerrilha em Cena” têm um custo entre os nove e os 17 euros, ao passo que as restantes iniciativas são de entrada livre, sujeita à lotação do espaço.

O programa “Mais um dia” decorre até 30 de abril.