Lançado pela editora britânica Fuzz Club Records, “Superinertia” segue-se a “Kompromat”, de 2019, e fica hoje disponível online e em edição física, virando-se, lê-se na apresentação, para “o estádio de inércia em que os humanos vivem no Ocidente hoje em dia”, com um álbum “sobre o agora”.

À Lusa, João Pimenta (bateria e voz) explica que é inevitável que o novo trabalho de estúdio acabe “por refletir este último ano”, com tudo o que a pandemia de COVID-19 trouxe à sociedade.

Um certo lado político, e de “análise das diferentes eras”, acaba por surgir nas letras, que habitualmente vêm de Pimenta, formado em História.

O músico olha para “o excesso de informação, acesso fácil a tecnologia”, e para o “desenraizamento das pessoas”, que vivem hoje “mais sozinhas”, e levou a que medidas indesejáveis pudessem passar, mas não quer ser “pessimista, ou alguém muito negro”, porque há um caminho para sítios mais problemáticos, mas “também pode não ser uma coisa má”.

Ao lado do conceito temático está uma mudança sonora para a banda associada ao rock psicadélico, dado que o baixista André Couto foi substituído por Nils Meisel, nos sintetizadores, completando o trio que compõem com Pedro Pestana (guitarra).

“Isso acabou por nos abrir outros espetros sonoros que não tínhamos explorado, é um instrumento mais abrangente. Aproveitámos isso para ir por outros caminhos. Noutros discos, se calhar o som do grave era mais fechado, e quisemos abrir um pouco mais o som, dá para ir por outros caminhos”, explica.

Num disco “todo trabalhado em tempo de pandemia”, a entrada de Nils, músico e artista noutros projetos e expressões artísticas, foi a da “pessoa ideal” para os graves do som de 10 000 Russos, adianta.

Para promover o disco que hoje fica disponível, a banda vai fazer um processo já habitual nos últimos lançamentos, com digressões europeias intensas, no caso da mais recente com 28 concertos em 32 dias, para dar “quatro folgas”, e, a certo ponto, uma série de 13 concertos em 13 dias consecutivos.

Vão atravessar um total de dez países diferentes: Espanha, França, Áustria, República Checa, Alemanha, Polónia, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e Reino Unido, entre 29 de setembro e 31 de outubro.

“Espero que aconteça. Não há nada desmarcado, acho que poderá mesmo acontecer. (...) Este processo é algo que fazíamos já há seis anos”, comenta João Pimenta.

Para o músico, esta é uma forma de recuperar de um período em que o habitual modo de funcionamento e subsistência da banda foi inviabilizado.

“São as ‘tours’ europeias que garantem o sustento da banda, e que ela continue. Quanto mais tempo durar [o impacto da pandemia nas salas de espetáculo e nas restrições de movimento], mais bandas ficam pelo caminho”, reflete.

Se funciona como “uma âncora”, também é fisicamente exigente, com dias que os obrigam “a fazer o equivalente a Valença-Portimão”, em dias seguidos.

“Mas a gente 'curte' fazer isso, cada país tem a sua dinâmica, o público é diferente de sítio para sítio, há países em que nos conhecem mais e outros em que estamos a desbravar mato”, declara.

Após esse período, darão concertos em Portugal, e não escondem que estão já, de alguma forma, a pensar no disco seguinte, até porque têm agora uma sala de ensaios nova, e própria, no Centro Comercial Stop, no Porto.

Há muito um viveiro de bandas e projetos musicais, o Stop é agora também sinónimo de casa própria, sem partilha com outros grupos, para os 10 000 Russos, que pretendem transformar o espaço “num estúdio” e poder trabalhar em novos registos.

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